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sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Litoral


A menina segue a praia
Com o caderno na mão,
Os pés no chão,
E os pensamentos livres
Na brisa de verão.

O rio que lentamente
Sai da nascente,
Chega em seu curso serpente
No mar, que docemente
Com águas salgadas
Refrescam-lhe a mente.

A menina senta na areia,
Uma ilha no meio do céu azul.
Respira letras,
Escreve poemas,
Chora amores e relembra
Da areia que se move lenta,
Do rio que deságua no mar,
Uma lenda.


Gabriela Vaz

sábado, 25 de dezembro de 2010

Esmeralda




Teu beijo entorpece, enlouquece
Me esquece.
Faz-me devanear de coisas que irreais
Deliram-me a mente, corpo,
A alma.
Teus olhos, silenciadores de palavras,
Gestos, lágrimas.
Teus olhos que brilham,
Minhas esmeraldas,
Possuem o brilho das estrelas,
E apaga qualquer outra ao redor.
Acende, alimenta e faz crescente
A chama dessa louca, insana,
Ardente paixão.
Teu toque sutil, suave,
Carregado de medo, desejo, anseio do sentimento,
Conduz-me a um sonho, mundo, onde o tempo
Corre, e mata-me quando se esvai,
Afastando-o dos meus braços.
Sinto-me esfriar, um vazio preenche-me
Jogando-me a escuridão,
As esmeraldas longes levam consigo,
Meu brilho, minha alma, minha vida,
Meu amor.

Gabriela Vaz

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

E se...


E se tudo fosse diferente no fim das histórias? Se o príncipe não enfrentasse o mundo por sua princesa presa na torre, como seria o amor hoje? Se Juliet não houvesse tomado a poção, Romeo não se mataria e, ambos estivessem vivos, como veríamos o romance agora? Essa dualidade na forma de ver o amor, sempre foi algo questionável, até onde posso ir por uma paixão?Se Christine tivesse ficado com o Fantasma da Opera, e fugisse com ele para viver uma paixão ardente, seria que saberíamos escolher melhor um amor? Um sentimento poderoso que nos define a vida, e em outros casos, determina a morte. Assim é o amor, um momento em que não nos permite testes ou reescritas, que nos dá apenas o direito do sim ou do não, maquiavélico em seus desfechos, imprevisível em seus atos.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Teu Vício


São voltas infindáveis,
Curvas tão sinuosas e perigosas,
Que é um perigo misturar-se em tal.

O cheiro é indescritível,
É doce em meio ao obliquo.
É tão tocável...

Inconfundível,
Seu movimento perfeito
Que irradia o dia
E esconde a noite.

Hora cachos,
Hora ondulações,
O cabelo preto
Conquista corações.

Gabriela Vaz

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Pra você


Era só drama,
E mesmo assim fiquei com vontade
De escrever
Um poema para você.

Era só pra dizer
Que eu queria ter chegado há um tempo atrás
Antes de você desistir de amar,
E ter te beijado muito mais.

Só para poder ver
Meu cavaleiro, menino
Destemido, ainda tímido
Mas com os olhos reluzindo.

Te olhar tocando,
E com os pulmões flamejando
Gritar você,
E você me olhar, como na primeira vez.

Gabriela Vaz

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Elga Velásquez


Era bela, era ela, única senhora de suas razões e emoções, dona do seu destino. Era Elga.
De longos cabelos negros cacheados, tinha o olhar oblíquo e dissimulado, de certo já lera ‘Dom Casmurro’, ela era um pecado. Elga era livre, andava por onde queria e realizava todos os seus caprichos, na boca de todas as línguas, ressoava o nome Elga Velásquez, sempre mais polemica por seus mistérios, a mais invejada por sua personalidade, desejada por sua beleza.
Essa era ela, Elga, fina flor branca do sertão, ousada em cada movimento, sedutora no seu rebolado caminhar. Vestia como de costume uma longa saia fina, que descobria as pernas bem torneadas quando a fina flor ia afogar o calor no rio.
Imaginai-vos a cena:
Um rio de águas turvas, aquela mulher agachada com a saia suspendida até metade das coxas, aquelas pernas grossas molhadas; seus cabelos longos caindo pelas costas e por frente dos ombros tocando levemente os seios fazendo um contraste com a a camiseta beje; um olhar selvagem. Na verdade, a cena por inteira era algo que rasgava qualquer alma centrada.
Ah, fina flor branca e selvagem do sertão, despertava suspiros, insônias e calafrios. Quem dera se ela, fina Elga, soubesse dos meus sonhos.

Gabriela Vaz

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Caminho


Fria, salgada,
Ela corre desesperada,
Que não mais ver
Meu rosto contorcido,
Sofrido.

Resfria, acelera o coração,
Ela alisa suavemente
Minha pele,
Mente sobre a minha coragem,
Revela a minha humanidade.

O amor é igual à insanidade.

Acaba secante,
Errante.
Molhada, suada,
Minha lágrima.

Gabriela Vaz

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Cupido


Estou sofrendo por amor.
E o mais triste é reproduzir essa dor
Nessas belas palavras,
Nessas frases rimadas.
Depravante é essa mente fria,
Que maquina esses versos
Com incrível maestria, quase que indolor,
Que ironia.

Público meu,
Escutai!
Não um soneto de poetas grandes,
Mas o sofrimento,
De uma grande poeta.

Sem elegância,
Aprende quase o incerto
Amor dos homens.
Chora,
A brincadeira dos anjos.

Gabriela Vaz

domingo, 28 de novembro de 2010

Pêsame


Que mal é o meu!
Eu sei escrever.
Que insanidade é essa Deus,
Me faz devanear em pequenas palavras,
Delirar pelas vírgulas,
Fico em êxtase pelas conjunções.
Mil perdões,
Brinco com a minha mente
Imaginando coisas ilusórias.
Infelizmente,
Meus poemas ainda caem
Aos ouvidos dos porcos,
Alguém que pelo menos
Demonstre conhecimento,
Retire a minha ingênua
Preciosidade da lama,
Das risadas retardadas
Dos ignorantes.
Que pena meu povo!
A inteligência
Não nasce com todos,
Assim como meus poemas,
Não são feitos
Para os cachorros.

Gabriela Vaz

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Conselho


Certamente se eu pudesse,
Não teria olhado para ti.
Mas certamente, se tivesse resistido,
Teria fitado-o mais profundamente.
Certamente se seus olhos fugazes
Não me olhassem de modo furtivo,
Teria resistido, esquecido.
Noite de trajes negros,
Dança comigo?
Em uma valsa de bandolins
Teus olhos bailam comigo,
Meu corpo delira sozinho,
Minha boca encontra o alivio
No arco do teu violino.

Gabriela Vaz

domingo, 21 de novembro de 2010

Quebra


Por que você percorre a minha mente?
Some e me esquece,
Quando aparece me emudece.
Que raiva de ti por existir,
Que raiva de mim
Por ainda pensar em ti.
Que então morra!
Não suporto mais o som do violino,
Não quero ver o seu sorriso.
Não quero campos floridos
E um Sol sorrindo...
Droga, o Sol não sorri!
Ele é só um astro que vai explodir,
E junto com você, ruir.
Eu quero o novo papel,
Um lápis apontado,
Quero enamorar as palavras
E deleitar-me com grandes poetas.
Quero ouvir estrelas,
Poetizar a vida,
Beber as rimas.

Gabriela Vaz

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Nitroglicerina


A mão suja de tinta
E o relógio fazendo tic-tac,
Criam rimas.
A tinta no relógio
Suja o tic-tac constante
Da mão que cria rimas.
Rimas sujas de tinta
Seduzem o relógio a
Tique taquear a mão.
A tinta suja de rimas,
Escreve a mão
Que morre ao tic-tac do relógio.
Tic-tac,
Tic-tac,
Bum!

Gabriela Vaz

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Entropia


Te perguntei
E você disse não
Mas, seus olhos diziam sim.
Tudo isso é uma grande confusão.

Eu tento te esquecer,
Em tantos olhos olho,
E outras bocas beijo,
Mesmo assim, você é o meu maior desejo.

Negando, não posso lhe escrever.
Que se dane a sua vontade,
Eu preciso lhe dizer
O quanto eu quero...

Você,
Que me invade e não me deixa.
Peço então que termine,
Me enlouqueça,
Esquente.
É inverno quando seu mês chega.


Gabriela Vaz

sábado, 6 de novembro de 2010

Porque dói


Por que as partidas doem tanto?
Não são por causa do pranto
Que tanto te abalam.
São por causa dos momentos
Que por fim acabam.

A dor não é saber que
Estás longe,
O que me aflige
É a casa vazia
Minha vida vadia.

O que dói não é a partida,
Mas as lembranças,
Que te deixam ao meu lado sorrindo
Enquanto estava mentindo,
E agora, sumindo.

Na sucessão, vejo o violino quebrando,
As cordas partindo,
O arco destruído.
Eu choro muito,
Mas você nunca esteve aqui
Para secar meu pranto.

E do mesmo jeito que veio, se vai.
Terminou sua ópera com maestria,
Foi muita covardia.
Porém, esse adeus da partida, fica só nos gestos,
Pois nos meus versos,
Você ainda é o meu sucesso.


Gabriela Vaz

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Outras ideias

From My Darkness Diary

- Bem gente, ai está um dos capítulos de uma nova experiência textual minha, no final a parte de um poema meu que acho muito importante que é o 'Boca do céu, janela da alma', se gostarem comentem, preciso saber pra ver se continuo com essa nova produção...enfim, obrigado a todos que me acompanham :D -

domingo, 31 de outubro de 2010

Boca do céu, janela da alma


Sinto o gosto do céu
E o gosto de água.
O céu da boca,
E um pouco das minhas lágrimas.

A boca sente, a boca fala,
Ela cospe e indaga.
A boca é o retrato do homem,
Reproduz o que vem da alma.

A boca ama e beija,
E se desgosta, ela odeia,
Ela é arma que não mata,
Mas causa uma ferida que não se apaga.

A boca rasga e mastiga,
Devora, destila,
Comida ou corpo,
Outra boca amiga.


Gabriela Vaz

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Ponte Aérea


Morena poetiza
Do sol da Bahia,
Marina,
Malícia de menina.

Chora morena,
Gotas salgadas
De Amaralina.
Banha os olhos da graúna fina.

Morena de sonhos distantes,
Na mente, reinventa o amor,
Aquele que se esconde aos pés do Redentor.

Poetiza morena
Versos de Salvador.
Singelas palavras de um eterno esplendor.

Gabriela Vaz

sábado, 23 de outubro de 2010

Apenas Uma Resposta


Eu já não sei mais o que lhe dizer.

Meus versos já se foram todos,

Por falta de criatividade

Ou por receio de um sentimento que

Já bem conheço.

E tenho medo.


Viver uma fantasia

De sala de aula todo dia,

É até interessante

Torna tudo um pouco mais provocante.

Mas a verdade, estampada nos meus olhos

É que tudo acabe,

Menos os versos que me invadem.


A verdade, é que da vida, anseio

Dividi-la em pequenas partes,

E que de pelo menos 2/3
Em você se encaixe.

Talvez seja pecado todo esse pensamento,

Mas custo a insistir na carne dos teus lábios,

E suas mãos nas curvas morenas

Das noites serenas,

Do meu insaciável desejo.


Gabriela Vaz

domingo, 17 de outubro de 2010

23h

As ideias fogem da minha mente


É uma água torrente.



São sonhos malevolentes.....




Gabriela Vaz

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Cravo e Canela


Senhores, é tal o meu estado de euforia,
Que nem consigo fazer rimas.
Nenhuma!
Nem pobre, e muito menos rica.
Mas vou falar dela,
De Gabriela.

Gabriela não acredita em rimas,
Talvez esqueceu do amor,
Pois naqueles 30 segundos
O seu tempo parou.

Hoje fico devaneando nos segundos
Aquele meio minuto.
Eu não sei bem o que pensar,
Talvez, foram apenas 30 segundos.

Não, não foi apenas um passar qualquer do tempo.
Em um simples olhar,
Concretizou em um suave beijo
Um desejo perigoso,
De um sentimento novo.

Mas Gabriela, acorde!
Viver é melhor do que sonhar,
É só esperar.
Vire a ampulheta,
E os 30 segundos irão voltar.


Gabriela Vaz

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Pico


Desde pequena era viciada,
No papel de cheiro velho,
Nas estantes empoeiradas.
Gostava de livros grossos
Que não lhe diziam nada,
Lia livros finos,
Teve a felicidade sonhada.
Desde pequena se drogou,
Com livros na biblioteca,
Com versos de qualquer autor.
Quando pequena se matou,
Teve overdose de conhecimento,
Abriu os olhos.
Amou, escreveu, dramatizou,
Criticou.
Poetizou.


Gabriela Vaz

terça-feira, 28 de setembro de 2010

O Vinho


Como Jesus

Quisera eu um dia,

Transformar água em vinho.

Quisera eu,

Transformar tal platonismo em realidade,

Beber o vinho do teu cálice.


Em um lento movimento,

De fermentação e envelhecimento,

Teus lábios tintos ficam.

E meus pensamentos pecaminosos,

Conspiram e respiram

O doce trago de vinho

Do teu corpo.


Gabriela Vaz

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Zuzu



A Vinícius Zumaeta

Você sabe por que o céu é azul?
Ou como o Himalaia foi formado?
Que criatura do mal,
Você precisa ver melhor,
Seu Zé Coió.

Você sabe a Lei da Gravitação Universal?
Que alma perdida,
Fica aí com essa cara maligna
Ocupando o tempo do professor de Física.

Você imagina por que o sol se põe?
Ou só sabe fingir fazer suposições?
Coitado, pobre ser que tenta fazer melhor,
Prefiro viver sobre duas rodas,
Do que ser,
Um Zé Coió.






Gabriela Vaz

terça-feira, 21 de setembro de 2010

E eles voltaram!

E há como eles terem partido?

Enfim, meus caros leitores ausentes de ignorancia,
Essa é a volta dos poemaas.
Porém se caso vocês gostaram dos Contos de Inverno - sim, ficarei super feliz-, não é o caso de ficarem tristes, pois logo eles também voltaram nas flores da primavera. Não literalmente na primavera, mas eles iram voltar quando os poemas precisarem de um recesso...

Ativo, passivo, ativo, passivo, dominante, recessivo...enfim né Mell?!

Deleitem-se bastante nessa nova safra!

Beijos de Café :D

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Conto de Inverno X


Azul. Minha visão era calma e azul por dez segundos. Respirei, uma golada rápida de ar e voltava ao meu pequeno mundo azul de vinte e cinco metros.
Fazia frio, não chovia, mas ventava, a água estava quente, balancei a cabeça tentando afastar a idéia do frio que sentiria ao sair da piscina. Parecia loucura nadar no inverno. Não parece loucura, é loucura, e o que me conforta é que existem outras pessoas, loucas como eu, ocupando as outras raias. Coloquei o óculos novamente no rosto, tomei impulso e nadei.
Um quarto vazio em uma noite agradável, sentia minha mente vazia quando encontrava-me de baixo d’água. Era um prazer único, inexplicável, sentir a água hidratar meus lábios e deixar meu maiô com um perfume delicioso de cloro. Uma volta, duas, logo fazia 300 metros, sentia o corpo leve, uma felicidade enorme preenchia-me a alma. Retirei a touca, molhei meus cabelos, com um impulso sai de vez da piscina, sentei na borda e fiquei ouvindo o som dos braços e pernas baterem na água de diferentes formas. Era uma sinfonia perfeita.
Peguei a toalha e sequei-me, desembaracei o cabelo com os dedos, havia deixado o pente em casa novamente. Ri do meu freqüente esquecimento. Pegava a mochila pensando no ônibus cheio, decidi, iria comprar uma moto.

Gabriela Vaz

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Conto de Inverno IX


Voltava. Hoje é o primeiro dia que não chove, o sol tentava sair do emaranhado de nuvens que carregavam água em todos os seus estados. Os fios de luz tocavam o solo encharcado e fazia as folhas das árvores reluzirem o seu mais esplendoroso verde.
As sombras dos recortes do mato passavam pelo vidro do carro e paravam, e passavam, pelo meu rosto como um filme. Acariciava a cabeçorra do meu pequeno cão, que retorcia-se de preguiça nas minhas pernas. Voltava, meus pensamentos eram aéreos, mas sempre tive os pés no chão. Voltava para a realidade.
Gostava do campo, mas as minhas mãos pulsavam para escrever sobre o frenesi da cidade, sobre a valsa de cores que a noite esbanjava em suas placas de neon, sobre o passar elegante de um belo empresário infeliz e o músico de rua inundado em felicidade. Voltava para os meus poemas, minhas colunas do jornal.
Uma parada para o almoço. Passava do meio-dia, meu cachorro feliz esticava as pernas, eu, mais feliz ainda, via a chuva voltar, afinal não choveu de manhã, mas nada garanti sobre a tarde. Almocei um prato simples das coisas que um ser humano normal poderia comer; ainda acredito que em uma cozinha de um restaurante de estrada existem mais coisas do que sonha a nossa vã filosofia.
Voltava. Voltei para a estrada, meu fiel motorista – meu pai- voltava a cantas suas músicas sertanejas, meu cachorro voltava a latir no ritmo das músicas de meu pai, voltava a chover. Eu voltava a sorrir.

Gabriela Vaz

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Conto de Inverno VIII



A panela quente exala um cheiro doce de açúcar, no seu interior, uma barra de chocolate funde-se ao leite condensado. Uma mulher de longos cabelos negros e um sorriso malicioso no rosto mexe o tacho enquanto canta uma música fúnebre. No lado de fora do antigo casebre, nevava.
Poderia facilmente dizer que estou falando de uma das histórias clássicas do mundo, ‘João e Maria’, onde as crianças encontram ma casa toda feita de doce. Mas não era bem essa história, esse foi um jeito simples de dizer que eu estava fazendo brigadeiro no chalé dos meus pais.
Minha empreitada deu-se porque, papai e mamãe haviam saído para comprar comida na feira, a dispensa já estava vazia. Me deixaram em casa pois recusei levantar da cama as cinco da matina enquanto lá fora fazia 5°C e debaixo do meu cobertor fazia uns 18°C. Não tenho culpa. Mas a verdade é que, por causa da neve, eles ainda não retornaram, e eu fiquei com fome. Encontrei uma lata de leite condensado perdida, e algumas barrinhas de chocolate no pote de doces, era o suficiente para acalmar o meu estômago.
Com o brigadeiro no prato, fui aninhar-me no parapeito da janela para observar a neve cair. Aquele momento me fizera lembrar um tempo, de uma pessoa que amara muito, e que só de lembrar daqueles olhos verdes já sentia o coração aquecer. O vento seco do inverno suavemente soprou meu rosto, fechei os olhos, era como se ele me acariciasse de novo. Fitava novamente o branco simbolista, que cobria feito açúcar a paisagem. Ao longo da estrada vi um homem de cabelos louros olhando para mim. Senti o corpo gelar, o coração acelerar, ele sorria para mim. Coloquei o brigadeiro no sofá e calcei as botas para neve, abri a porta depressa e pulei o portão, corri o mais rápido que pude para finalmente poder encontrar-me nos braços daquele homem.
Ninguém. Não havia ninguém. Ao chegar na encruzilhada, aonde o tinha avistado, ele não estava lá. Então tudo aquilo fora uma peça da minha mente, o constante vapor d’água condensado saía da minha boca enquanto meus pulmões permaneciam em brasa, olhava para todos os lados incrédula. Era ele, eu sei. Parecia tão real. Os olhos encheram-se de lágrima, senti uma profunda aflição, mas não chorei. Sabia que ele não iria gostar de me ver chorando, sempre acreditou que eu era forte. Queria saber onde ele estava.
Conformada com esse delírio, voltei com um lento caminhar para casa, abri o portão e olhei para a porta, meu cachorro me esperava quieto, como se compreendesse minha dor. Ao chegar na varanda ainda olhei para trás, queria ter certeza que era uma ilusão, e era. Entrei em casa e me dei conta do brigadeiro. Já era, meu cachorro havia comido tudo, por isso que ele estava quieto. Suspirei e fui lavar a louça.
Lentamente, de tas de uma árvore sai um homem. Este derramava singelas lágrimas dos olhos verdes. Olhou o chalé ao longo da encruzilhada, passou os dedos calejados pelos fios louros que lhe cobriam a cabeça, um sorriso lhe preencheu o rosto sofrido, “Ela não chorou”, disse, e tomou o caminho para sair da cidade.

Gabriela Vaz

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Conto de Inverno VII


Sexta-feira à noite, os faróis do carro iluminavam a estrada de barro em meio à imagem confusa da forte chuva na paisagem. Jogada no banco de trás e agasalhada com grossos capotes, eu tentava identificar as formas nebulosas durante o caminho que dava no chalé dos meus pais.
Dirigindo o carro, meu pai cantava junto ao meu cachorro, este com mais privilégio ficou no bando da frente. Atenção, quando você for visitar seus pais que não vê há algum tempo e o seu cachorro lhe tomar o lugar no carro só porque tem disposição de latir no ritmo das músicas sertanejas que o seu pai gosta, com certeza isso é um grande problema. Mas lá estavam os dois como grandes companheiros e, para não perder o costume, meu pai passava a mão pelos cabelos negros que se misturavam à grande quantidade de fios brancos da velhice, coçava três vezes aquele grande nariz e reclamava do meu modo de vida, dessa vez ele ficou indagando-me por que eu não tinha um carro. Lógico que nessa discussão, só ele falava; no inicio eu pensei que ele estava declamando usando apostrofes ao seu bel prazer.
Foi uma eternidade de canções e reclamações, mas finalmente chegamos ao chalé. Na mesa que me esperava para o jantar, uma vistosa torta de cenoura com chocolate, pães quentinhos, queijo e manteiga caseiros, sucos, leite, e claro, reinando no centro da mesa: O café. Não é preciso dizer que me deliciei com esta farta refeição.
Logo depois a televisão foi ligada, meus pais juntinhos assistiam à novela. Meus velhos eram engraçados. Depois de escovar os dentes com a inspetoria da minha mãe, fui deitar. Não é surpresa que o meu cachorro já estava despojado sobre os meus lençóis, empurrei-o e suspirei, um mosquito veio perturbar-me. Despejei nele metade do inseticida, então virei e dormi no mio daquele ar venenoso que não mata as plantas.

Gabriela Vaz

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Conto de Inverno VI


Uma vez, duas, três, cinco. Espirrei cinco vezes ou mais, espirrei o suficiente para que ficasse com a cara de uma pessoa drogada. Na vida tudo tem suas consequências. Por exemplo, se você tomar um café muito quente, provavelmente queimará a língua; se você não atender ao pedido do seu cachorro pela manhã, em troca por mais cinco minutos na cama, quando acordar a sua casa provavelmente terá sido destruída por uma pequena catástrofe que late; e se você tomar um belo banho de chuva, provavelmente você ficará com um belo resfriado. Espirrei mais uma vez.
Meu cachorro me olhava com um ar de vencedor e como desejasse me dizer algo do tipo, “você é louca, ou tem desvios de personalidade”, cai em risos e lhe beijei a cabeçorra, parecia que todos diziam isso de mim. O telefone tocava, lembrando-me das minhas obrigações, olhei o calendário e vi que logo o inverno terminaria. Um sorriso desolado encobriu minha pele rija e gélida, lá fora nevava.
O sobretudo preto combinava com as lustradas botas, também pretas, e fazia um frio contraste com o cachecol roxo. Peguei a bolsa no sofá, acariciei meu cachorro e conversei com ele, como se fosse um homenzinho: “cuide da casa”, foi o que disse.
O telefone tocou outra vez, sai apressada de casa e de cara recebi o vento gelado do inverno. Sorri.Fui andando depressa para o ponto, estava muito atrasada. O ônibus chegava. Espirrei.

Gabriela Vaz

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Conto de Inverno V


Com dizer que eu tenho uma grande paixão? Afinal, eu sou apaixonada por várias coisas; tenho uma paixão insana pelo café - notável-, amo meias e luvas, sou apaixonada pela minha mini bola de pelos ambulante, tenho uma paixão viciante pelas palavras –as quais juntas formam os meus poemas-, tenho até paixão, por um professor de literatura lindo e perfeitamente irônico. Ainda tenho os livros dele na estante, enfim, eu tenho várias paixões.
Mas em meio a tantas paixonites, eu possuo uma que é dominante, única, arrebatadora e mortal. Sim, ela é mortal, pois tenho uma amiga que morre toda vez que lê algo que escrevo com essa paixão, ela chega a odiar essa tal coisa. Então Mell, morra: Eu tenho uma incontrolável paixão por VIOLINOS!
Especificamente, um violino. Na verdade é um violinista que se esconde na serra da cidade maravilhosa, eu realmente não consigo ficar sem falar na elegância e na frieza dos olhos que faz único e lindo o meu Cavaleiro Negro. Suspiros. Impossível é não lembrar-se do violino.
Na porta da varanda vejo a chuva cair, seguro com uma mão a caneca com café, enquanto a outra alisa vagarosamente minha nuca. Chove há vários dias. Paro. Os olhos enchem de lágrimas; ponho o café na mesa de centro da sala; abro a porta e desço as escadas; saio do prédio; vou para o meio da rua e banho-me com a chuva; como se mais nada importasse, declamo:


Andais sozinho pelas ruas,
Nem a chuva, ousa lhe tocar,
Nada interfere
A frieza do seu olhar.
Ainda cala-me com o toque
Da sua mão.
Senhor da razão,
Faz-me entrar em erupção.
Maldito menino,
Cavaleiro negro do violino.

Respirava fundo a cada verso, tudo é tão poético. As gotas finas e frias da chuva molhavam-me por completo, a camiseta colava-se no meu corpo, os cabelos desgrenhados tentavam fundir-se a minha pele. Sorria. Dançava sozinha a música do meu distante violinista, como se eu pudesse vê-lo. Na sua melodia ele pedia para que eu lembrasse de nunca esquecê-lo.

Gabriela Vaz.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Conto de Inverno IV



Hoje à noite faz frio, como esperado do inverno, à noite faz mais frio que o dia. Um dia, um professor gordinho e muito lindo de Geografia me ensinou que essa queda de temperatura durante a noite era causada pela inversão térmica. Não que eu lembre o resto da explicação, nunca gostei muito de Geografia, só do professor mesmo.
Mas é por causa dessa noite fria que estou sentada no sofá olhando para os meus pés. Nossa, finalmente eu posso admitir que EU AMO MEIAS! Admito isso agora porque, com meus pais, eu seria taxada de louca e com sérios desvios de personalidade, e também, porque meu cachorro também ama meias. Juro, não é loucura ou desvio de personalidade, quando faz frio, ele pega um é e coloca o focinho dentro. Sim é fofo, e eu fico babando quando ele faz isso.
Depois do meu vicio pelo café, as meias são as minhas paixões; listradas, com bolinhas, lisas ou coloridas, as meias são lindas e esquentam meus pés! Outra coisa que eu amo são as luvas! Luvas são perfeitas; listradas, com bolinhas, lisas ou coloridas, quando as uso me chamam de louca ou que tenho desvio d personalidade, mas não ligo, amo luvas.
Uma das vantagens de se morar sozinha com o seu cachorro, é que você pode falar e fazer qualquer coisa, pois ele não vai dizer que você é louco ou tem desvio de personalidade, e ainda vai apoiar as suas coisas fúteis, desde que você o deixe dormir no sofá ou na cama.
Agora começou a chover e o relógio apitou informando que é meia-noite, meu cachorro já está despojado na minha cama com uma meia no focinho. Como algo tão pequeno consegue ser tão espaçoso? Enfim, hoje a noite terei algo a mais para me esquentar, além do meu par de meias pretas.

Gabriela Vaz

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Conto de Inverno III



A chuva nos impede de fazer várias coisas. Nos impede de passear na praia, impede o meu cachorro de encontrar o seu instinto selvagem nas poças, impede que meus pais venham a minha casa e dizer que estou fazendo tudo errado, e queiram corrigir, retificar, o jeito que vivo NA MINHA CASA. Mas dentre outras coisas que a chuva provoca, ela não impede que as crianças brinquem na rua.
Muitas crianças surgiram do nada em frente ao meu prédio, pareciam girinos que nasciam da lama, tentando ratificar a teoria da Abiogênese. Aristóteles ficaria feliz. Resolvi sair e sentar na varanda para observar aquelas criaturinhas serelepes que pulavam de uma poça a outra, concretizando o sonho selvagem do meu cachorro.
Vestia um capote roxo de caxemira e uma calça de moletom preto, tinha os cabelos amarrados e trazia nas mãos, a minha velha caneca de café. Puxei uma cadeira e fiquei ali, estática ao perigo. Meu prédio possuía três andares, e eu me alojava no segundo andar, o resto do prédio era habitado por múmias simpáticas e criaturinhas serelepes.
Ouvia gritos animalescos e risadas demoníacas, as crianças sempre me assustaram. Um amigo meu, creio que é psicólogo, dono de um respeitável Black Power, diria que elas seriam dignas de estudo. E então uma bola suja de lama, acertou uma das minhas plantas que vibravam pela chuva, pois eu às vezes esquecia de regá-las. Um sorriso amistoso em uma cara redonda cheia de arranhões me pedia serenamente a devolução da arma destrutiva, devolvi um pouco irritada e disse alguns sermões. Me arrependi, havia me tornado a velha rabugenta que odiava quando era criança, peguei uns doces e mandei dentro de um saquinho para os anjinhos. Surpreendi-me quando ouvi o que parecia ser o líder dizendo: “Ok galera, mudamos de alvo!”. Eu era um alvo, imagino que inicialmente, não era a planta que eles queriam acertar.
Ah, crianças, crianças e chuva. Da próxima vez eu me refugio em algum abrigo.

Gabriela Vaz

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Conto de Inverno II


Que surpresa! Nunca mais havia visto a chuva cair de tal forma violenta e molhar a terra tão dócil. Aperto meus braços contra o corpo enquanto uma brisa fria açoitava meu rosto embaraçava meus cabelos. Estava esperando o ônibus, no ponto havia poucas pessoas, afinal quem estaria aventurando-se pelas ruas da cidade em pleno domingo chuvoso? Certamente quem tem bom senso, estaria em casa, enfiado nas cobertas comendo pipoca e assistindo filme, ou reunidos com a família, comendo uma lasangna feita pela avó, ou até, em um restaurante com a pessoa amada, comendo algum prato refinado. Uma coisa era certa, eu estava com fome, mas tinha bom senso. Não estava em casa em meio das cobertas vendo um bom filme, porque não gosto de pipoca; não estava reunida com a família, pois não a tinha; e evidente que não estava em um restaurante, pois a pessoa que amava me deixou.
Que se danasse, não precisava de coisinhas legais para me sentir bem em um domingo chuvoso. Além do mais, no outro dia, seria segunda-feira, e não há nada pior que a segunda-feira. Mentira há uma coisa pior: estar com o tênis molhado e apenas um capote fino para se aquecer em meio a uma ventania que me fazia engolir boas mechas do meu cabelo.
Finalmente vejo meu ônibus chegar. Não, o ônibus não é meu, mas vai me levar para casa junto com as minhas compras. Não gosto de pipoca, mas vou comer pizza; não tenho namorado, mas o meu cachorro me fazia uma grande companhia apesar da sua pequena estatura; não preciso de uma avó com um prato de lasangna nas mãos, pois na minha tem um pote grande de sorvete e as seis temporadas completas de House.

Gabriela Vaz

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Breve ausência de poemas.


Calma caros leitores, não vou parar de produzir meus queridos poemas. Jamais! Só darei uma pequena pausa, para que vocês possam ler minhas novas criações, contos! Estes vão falar de uma personagem que tem aventuras tão comuns e interessantes, que vocês até podem se pegar falando " Isso já aconteceu comigo!". Peço que comentem, pois é um novo jeito que estou investindo para ver até onde os meus 'dons' vão. Espero que gostem!!!


Conto de Inverno I
O céu aos poucos caia no chão da rua. As nuvens se desfaziam em flocos de todos os tamanhos. Era assim, o jeito mais confortável para falar da neve em meus poemas, do que descrever a precipitação gélida da água, em uma forma mais sólida. Gelo.
Abri a porta de vidro que dava na pequena varanda do meu apartamento, não tinha nada demais, uma mesa e duas cadeiras de madeira, e à volta havia algumas plantas do gênero das pteridófitas, as quais eu penava em cuidar. Agora elas estavam cobertas de neve também. Segurava firmemente com as duas mãos uma caneca branca que em letras garrafais ratificava o meu vício: “I ♥ Coffee”; e dentro desta, havia o tal líquido negro e precioso que despertava os meus sentidos, o café.
Senti então um pingo gelado no rosto, que aos poucos derretia no suave calor da minha pele. As maçãs do meu rosto coravam-se enquanto via ao longe, algo que retirava a neve que me encobria o coração: Era pequeno e procurava algo incessantemente, corria de um lado ao outro, mas não perdia a elegância, parecia não sentir frio.


“Diferente do que muitos pensam,
A neve não tem forma.
Mas ela forma
Na árvore nua,
As flores da primavera...”

Pensara ali, naquela hora versos confusos, enquanto o pequeno esquilo que eu observava, ia embora com uma grande pinha nas patas. Voltava para casa e punha a caneca na pia, a neve caia. Enrolei-me no cobertor e esperei começar o filme das 15 horas.



Gabriela Vaz

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Ode a minha Hiperatividade ♥


( Só para aqueles que sabem do drama ;D )

Oh Café!
Café, café, café!
Oh Café!
Cultivado nos campos do sertão,
Café, és o grão.
Negro de cheiro inconfundível,
Café, és divino.
Desde o lombo dos negros
No tempo colonial,
Até a minha xícara nos tempos atuais,
Café dos cafezais.
Molha-me a boca, e até com leite
Me faz feliz,
Café, você é tudo que eu sempre quis.

Gabriela Vaz

domingo, 15 de agosto de 2010

A tarde


Ele gosta do meu cabelo,
Ele ama o meu sorriso,
Ele diz que eu tenho um olhar felino.
Mal sabe ele,
Que foi tudo feito pelo destino,
Fazer-me encontrar o homem
Que tem os olhos de um menino,
E um timbre divino.
Benigno é o verde
Dos teus olhos que me traga.
Afaga
Meu corpo
No silêncio da praça.
Culmina no Campo Grande
O beijo dos amantes.
Ah,
Ele gosta das minhas rimas.

Gabriela Vaz

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

O Polêmico: TERMOQUÍMICA


Todos tem um potencial padrão.
Mas acredito que o seu
Vai mais um pouco além do comum.
Te convido para uma brincadeira
De magnetismo,
Teus olhos em meus passos,
Meu corpo nas tuas mãos,
Forma-se uma reação perigosa, tóxica.
Mas esse veneno que aumenta o ponto de ebulição,
Se forma na boca,
Passa pelo frenesi das línguas,
Tem seu ápice no movimento das curvas,
Morre nas aulas de Química.
Você conduz esse segredo
E o meu desejo,
Nos dois primeiros horários matinais.
Ainda rasgo-lhe a blusa,
E teus negros cabelos puxarei,
Farei você se arrepiar,
Arfar.
Pode ser ao fim do ano,
Preferível que seja antes,
Se o seu medo deixar.
Se desejar.


Gabriela Vaz


(Agradeço a todos que fizeram desse, a minha glória.)

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Bom Pesadelo


Rasgo-lhe a roupa negra,
A pele branca.
Tomo-lhe o suor
Como elixir, divino veneno.
Da tua boca louca,
A saliva na tua fria língua
Percorrem as taças.
Brindemos.
Numa ondulação
Arfa minha respiração,
No silêncio do quarto escuro
Ouço a luz tênue do teu violino,
Meus orbes castanhos arregalados
Tentam juntar os fatos com a emoção.
Mentira,
Tudo fora minha imaginação.
Sonho ou pesadelo?
Sendo de você, meu cavaleiro negro,
Custo acreditar que tenha sido algo bom,
Pois só faz aumentar
A dor da saudade.

Gabriela Vaz

domingo, 11 de julho de 2010

S...


Suas hábeis palavras
Enchem minha alma
Com algo de tamanha
Ousadia e atrevimento,
Que jamais pensei aspirar.
Antes meus versos vazios
Nada diziam,
Até ver a luz dos teus olhos
Que me iluminam através dos
Seus livros,
Que me jogavam em um delírio,
Um desejo bucólico
De ter-lhe em frente ao mar
Dedilhando um violão.
Desculpa se às vezes não presto
Atenção no que diz,
Mas encontro-me em uma sinestesia;
Perdida na melodia meio amarga
Da tua voz
Que me acelera o coração.
Talvez me encontre em um
Momento ultra-romântico,
Sofro por amor
Mas não desejo morrer.
Pois na morte
Eu não encontro o sorriso
Que há em você.

Gabriela Vaz

quarta-feira, 7 de julho de 2010

E nos acrecimos da Copa....

Alguém lembra que vai ter Eleição presidencial???

Alguém? Um ser vivo? Uma célula? Um ser acelulado, sem metabolismo próprio, ou seja, um Vírus???!!! ( ai ai...efeito pós-aula de Móises... )

Quem se importa com o futuro do Brasil? - ironia dizer que o Brasil tem futuro?-

Baaah..que seja. Na hora a gente digita qualquer número que ficou gravado na cabeça por uma daquelas musiquinhas irritantemente alienadoras de eleição.


O que queremos ver mesmo é a final: Holanda x Espanha !!!!

E claro, depois temos a comemoração da Copa do jeito bem Brasileiro: Enchendo a Cara \o/!!! Sem esquecer das trocas de saliva e informação genética que sempre termina no motel, no carro, no meio da estrada, ou os três simultâneamente, resultando em um monte de retardada grávidas, e mais um indíce para abaixar ainda mais o IDH do Brasil. Como eu disse...Ainda sim seria ironia dizer que o Brasil tem futuro?

Beijos! Vaamooos Holaaaandaaaa \o/

P.S.: Estou muito, muito mesmo decepcionada com a Alemanha. Vou virar emo, colocar um bigodinho, fazer uma tatuagem da suástica e tentar uma dominação mundial.
" Jä main Führer! " *--*

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Me sinto na faixa de Gaza

Estranho que eu diga isso, mas meus leitores, é verdade.
Sabe, não tenho nada contra ao São João - ou como diria meu Prof. de Física, "Sangiovanni"-, ou a Copa do Mundo. Mas é uma péssima ideia juntar esses dois eventos.

Explicação básica da minha tese:
I- São João é igual a fogos, no Brasil também equivale a encher a cara até ir tomar glicose, significa muitas festas (eu reforço no muitas) , arranjar briga ( hobby do brasileiro) e soltar fogos - não, eu não tenho problema com os fogos-. Lógico que nem todos são assim, tem pessoas que preferem ficar no conforto do lar, ir nadar em algum evento maldito do colégio com um treinador que enche a paciência e faz você ficar com dor de cabeça e às vezes dar uma fugidinha para ir a praia (Né Miny?!).

II- Copa do Mundo, FOGOS quando o Brasil: Entra em campo, toca o hino, começa a jogar, faz gols, termina o 1º tempo, começa o 2º tempo, mais gols e finalmente o termino do jogo. Sem esquecer da bebedeira e os outros fatores normais que acompanha o brasileiro em qualquer festa.

Agora juntemos as explicações: Fogos em dobro, lucro para os vendedores de fogos, lucro para os hospitais com idiotas que não sabem brincar com os fogos e com a galera do coma alcoolico, roubo a cada esquina mais do que o normal e....MUITOS, MUITOS FOGOS!

Por qualquer coisa a galera solta fogos, e quando eu digo qualquer coisa é literalmente qualquer coisa. Às vezes sinto a casa estremecer, começo a pensar se não deveria fazer um abrigo anti-fogos. Sim, eu me sinto na faixa de Gaza - e olha que eles lá ainda tem um alarme, e eu que não tenho e tomo cada susto filho da puta? -.
Ou seja, traduzindo em miúdos.....

ISSO É UMA PUTA FALTA DE SACANAGEM!!!! ( shuhushushusuhsuh)

Beijão Galera, e BORA BRA....a vá pra porra...BORA ALEMANHA! :D

Gabriela Vaz

O leitor


Não declamarei meus versos,
Leia-os.
Ou até decifre-os em meio
Ao silêncio dos meus olhos,
Ao coração que inquieto pulsa
De maneira descontrolada,
Ao sentir a dominância
Do teu cheiro.
Leia-me
Repugnante é a tua soberania,
O teu passar elegante,
Dar-lhe um ar majestoso, sinistro, negro.
Meu violinista,
Leitor dos meus versos,
Dono meu.
Manipulador,
Ou mesmo,
Maldito.
Tomar-lhe-ei em meus braços,
E meus versos irei dizer.
Direi que: sempre passarei
A vida,
Esperando por você.

Gabriela Vaz.

domingo, 27 de junho de 2010

Quarta-feira



É dor, tudo isso que sinto,
É raiva do destino.
Sacana,
Como pode ter sido tão
Impiedoso comigo?
Por que trouxe e longe
Aquele que não posso amar?
Meus olhos cheios de lágrimas,
De água salgada do mar,
Molha meus lábios
Que são mais seus do que meus.
Mais sua,
Molhada, suada,
Mergulho nessa água
Em que nadas.
Fecho os olhos
Teu cheiro me invade,
Teu pisar forte no palco
Mata-me. Deliro.
Maldito,
Biologicamente,
Irresistível.

Gabriela Vaz

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Partitura


Como dizer? Como falar?
Vejo o teu passo silencioso,
Seu olhar furtivo,
Seu maldito sorriso.
Vejo o seu violino,
Que junto com você,
Me joga em um mar de enxofre.
Tudo em você é maligno,
Corpo, meu labirinto.
Como falar do cavaleiro,
Sem dizer do traje negro que lhe veste?
Covardia é falar do palco
Sem lembrar do violinista.
Música tua é tão proibida
Quanto os teus beijos.
A cada nota, toca,
Dedilha,
Surpreendente, magnífico.
Manuseia-se,
O teu violino.

Gabriela Vaz

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Aurora dos Olhos


O ponteiro gira freneticamente
Em seu elo.
Gira apontando como uma flecha que
Aponta meu caminho,
Apontando pessoas e desilusões.
É lançada feito uma bala
Acertando meu coração.
Enquanto meu sangue se esvai
E minha tez perde a cor,
Em meus lábios quase imóveis
Balbucio uma palavra,
Palavra esta, que no seu lento pronunciar
Faz o meu desfalecido coração
Bater mais uma vez.
Dos meus olhos não se vê mais brilho,
Pois assim como a palavra o dono dela se foi,
Levando o resquício de vida em mim.
O murmúrio pergunta o que minha morta boca diz,
Ninguém sabe.
Mas um cavaleiro de negro mantém guardado no peito a resposta.
Leva no peito o brilho dos meus olhos.
Que palavra divina é essa?
Palavra pelo qual o dono eu suplico a volta.
O teu nome.

Gabriela Vaz

domingo, 30 de maio de 2010

Falso Cognato


A noite
Rarefeita chega,
Aproxima-se.
O falso brilho
Preenche o céu,
A lua.
O falso brilho dos
Teus olhos
Enganam, alucinam, aliciam...
Apaixonam.
Meu falso luar,
Qual é o sol
De quem o brilho você rouba?
Minha escuridão
Disfarçado de luz branca,
Maligno e sutil,
Envolve-me, consuma-me.
Desprezível
É o jeito que me ama.
Ama-me?
Mistério, silêncio e desejo,
Assim lhe descrevo.
Minha falsa lua,
Meu verdadeiro sol.

Gabriela Vaz

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Em decomposição


Pedaços se repartem em pedaços,
Pedaços que não se colam, alastram-se.
Meu coração dói.
Por que você não fica comigo?
Dois dias não são o bastante,
Para matar a saudade de meses.
Chorei,
Fiquei na deriva, larguei-me,
Entrei em decomposição.
A dor da sua partida é algo
Que corroi cada meticuloso perímetro
Do meu corpo,
Que naquela tarde de sábado foi seu.
Fui sua.
Agora em minha mente,
Repassa um filme
De cada palavra, cada sorriso,
Cada beijo interminável,
Cada olhar, nosso silêncio.
Volta,
Não vá mais embora,
Vicie-me, alicie-me,
Mate-me de overdose.
Não sei mais viver
Sem o teu carinho,
Meu Cavaleiro Negro.


Gabriela Vaz

terça-feira, 18 de maio de 2010

Boa Noite


Às vezes um simples cumprimento, uma simples frase
Muda totalmente o sentido de uma oração.
Boa noite.
Às vezes, a falta das palavras, ou simplesmente
Não ser necessário usá-las,
Muda o rumo de duas vidas.
Boa noite.
Às vezes, não procurar por algo interessante,
Se faz descobrir grandes tesouros...
E eu descobri.
Descobri algo que nem o
Grande Capitão Vanderdecken,
Um dia pode cobiçar.
Eu descobri você no fundo do mar,
Eu descobri você no falso brilho do luar.
Descobri na verdade,
Que você me achou.
Boa noite.
Às vezes um sorriso, e uma palavra de carinho
Fazem brotar novos sentimentos, renovar os antigos,
Destruir pesadelos... construir sonhos.
Boa noite.
Quero sempre poder me encontrar
No meio do brilho dos teus olhos,
Quero sempre poder sorrir
Quando envolta no teu abraço.
Quero sempre lhe proporcionar
Momentos alegres e irritantes.
Não se pode pedir para que sempre a lua apareça,
Como não se pode pedir que uma relação seja
Sempre agradável.
E se alguém lhe oferecer isso,
Marque a proposição como falsa.
Boa noite.
Que o vento sorrateiro, leve esse meu pedido
Ao teu ouvido,
Sentindo cada pronunciar, o calor, o sentimento,
A emoção.
E por último, sem mais rodeios,
Boa noite.



Gabriela Vaz

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Cantos de Outrora


Os Silfos cortam as correntes aéreas
Ruflam suas asas para qualquer lugar
Que não me importa muito.
Trazem em suas acrobacias serelepes
A música de outrora,
Que a mim foi apresentada
Como loucura, melancolia, amor.
Blasfêmia,
Não fora os preciosos Silfos
Que me mostraram o anjo que
Escondia-se no palco
Malicioso e maligno.
Fora os meus traidores olhos,
Que fitaram a harmonia do seu violino
Em tuas mãos,
E fora o meu corpo apaixonado
Que se deleitou na sua música.
E então eu o amei.
Não me importando com seus pensamentos,
Ou o seu jeito irritante,
Meu cavaleiro negro é inesquecível,
Apaixonante.
E não importa o quanto tenha que me rebaixar,
Idiota eu sei,
Eu amei,
E inconformadamente,
Ainda o amo.

Gabriela Vaz

domingo, 16 de maio de 2010

Algodão


Por entre o recorte irregular dos edifícios
Vejo o céu.
As nuvens movem-se livremente.
Nuvens,
Cobrem o Sol, preenchem o céu,
Carrega as gotas de chuva que
Encharcam-me o corpo.
Nuvens,
Completam a minha loucura.
Gostaria que você olhasse as nuvens,
Elas levam meus pensamentos,
Elas me trazem você.
Os grandes e dominadores prédios
Prendem-me ao chão,
Mostram-me o que pode acontecer.
As contrações dos músculos fazem
Minhas pernas tremerem,
A respiração acelerada, o coração palpitar,
Os risos maliciosos circundam-me e repetem
As mesmas palavras...
Ah! Onde está você?
Cada vez mais fico estática no tempo,
Ele não passa e o meu cavaleiro não chega.
Negro.
Olho as nuvens negras,
Negras nuvens...
No alto dos grandes
Minha cabeça gira, o último suspiro.
Seus braços me envolvem.

Gabriela Vaz

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Apesar de difícil... NÃO MATA!


Ando pensando em coisas que vem atordoando a minha mente,
Desde que eu aprendi o que é educação, descobri que o problema é que nem todas as pessoas aprenderam também, e para ‘parecerem’ sociáveis se tornam hipócritas.
Em qualquer lugar normal as pessoas não sujam suas ruas, os carros respeitam a faixa de pedestre.
P.S. PARA A FAIXA DE PEDESTRE:
Sim... para os desinformados automotivos, aquela coisa branca pintada no chão do asfalto ( não necessariamente abaixo de um semáforo ) em formas de listrinhas, não é para brincar de amarelinha, ou para ver quem consegue pular só na parte branca, ou qualquer outra função mirabolante que devem pensar. Aquela coisinha serve para pedestres (pedestre - Pessoa que anda a pé.), poderem atravessar a avenida, rua, beco, esquina, seja lá qual for a via transitória.
Geralmente – eu disse geralmente, não veja como ironia... Não sou irônica (?) – quando uma pessoa precisa cruzar a via e se dirige a faixa, e GERALMENTE, o veiculo DEVERIA parar. E vê se pode uma coisa dessas, meu caro povo baiano... Em outros países isso acontece! E nem vou tão longe, para não chegarem com a história que é porque eles são desenvolvidos – talvez essa seja a fórmula secreta do desenvolvimento deles, eles são educados! - a estados no Brasil, em que isso ocorre, e se eu lembrasse o nome do estado, eu diria.
Mas como sempre, a grande parte esperta da população (ou sacana mesmo), não respeita esse direito do pedestre, e ao mesmo tempo não obedece à lei. Claro, claro, me desculpem, é porque na maioria das vezes o semáforo não está lá, para lhe informar em suas cores chamativas que você, criança, deve parar. Hoje mesmo eu fiquei dez minutos na faixa esperando alguém parar, difícil eu sei, mas não mata e nem custa tentar, e até que hoje foi bom! Tem dias que eu fico TRINTA E TRÊS MINUTOS, EU DISSE TRINTA E TRÊS MINUTOS ( sim e conto, e galera do terceiro ano e ex-alunos, é mera coincidência.), esperando a boa vontade dos coleguinhas motoristas, quando não vem acompanhado de uma cantadinha sem graça.
E o mais legal disso tudo, é que quando é a gente que precisa ficar minutos esperando, a indignação vem à tona, enchemos o peito e dizemos que é por isso que o país nunca irá crescer e blá blá blá. Engraçado não? E depois dizem que eu sou irônica, veja só!
Até que gostei desse post, quebrar a rotina de poemas de vez em quando é bom, expor idéias para os meus visitantes ( que agora eu sei que existem, mesmo sem às vezes comentar ). Mas é isso ai, eu sou apenas mais uma a escrever sobre isso, e vocês são apenas leitores que concordaram (espero) com isso.

Mas como dizem... somos o futuro da nação! Somos? Ahh... deixo isso para outro dia!

Beijooos!

Gabriela Vaz.

domingo, 2 de maio de 2010

Pronomes


Porque ainda me faz chorar?
Se não importa aonde eu vá
Sempre levo você em minha mente?
Será que o que eu escrevo nada lhe diz?
Será que são apenas versos inúteis?
Não faça viva a chama de uma paixão,
Se depois rindo, me deixará as teias.
Não me faça subir degraus,
Se logo depois me repreenderá como um cãozinho.
Eu só quero lhe fazer feliz.
Quero tirar-lhe do papel meu Anjo da música,
E tomar-lhe em meus braços,
Dizer em um tom baixo que és meu.
Sentir teu cheiro.
Desça do palco meu Cavaleiro Negro,
Pare de tocar a sua música e ouça a minha,
A qual suplica pelo teu corpo,
Que faz indispensável à necessidade que tenho
De esquentar-me no teu calor,
Molhar meus cabelos em teu suor.
Provar teu beijo.
Confunda o meu corpo com o teu violino,
Toque-me.
Faça qualquer coisa, mas venha para mim.
Seque minhas lágrimas,
Faça-me sorrir.
Chame-me novamente de tua
E então,
Deixe-me lhe chamar de meu.

Gabriela Vaz

domingo, 25 de abril de 2010

Insanidade


A saudade mata-me, sufoca-me,
Enlouquece-me...
Qualquer que seja... me.
Não saber de ti dói,
Joga-me a mais doce loucura,
Tranca-me em uma sala escura,
Faz-me chorar, chorar,
Correr, dançar.
Vou rodopiando
Em uma canção muda,
Uma canção cega,
Uma canção surda.
Ver-te, é agonizante,
Explode em mim
Uma bomba de emoções indefinidas
Uma bomba de devaneios,
Visões dos olhos paralizadores,
De tuas mãos quentes
E o entorpecedor cheiro da tua pele,
Que se dilui no gosto salgado
Das minhas lágrimas.


Gabriela Vaz

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Lágrimas no escuro




O que será que passa pela sua mente?
Será que é tão cego, que não percebe a minha dor?
Era para você cuidar de mim,
Meu heroi.
O que falta para quebrar essa barreira?

Eu apenas tento ser forte como você,
Tento ser tudo aquilo que me ensinou,
Mesmo às vezes estando longe.
Mas você não consegue ver os meus esforços,
Meu heroi.
Fico reclusa, inclusa em um mundo que
Para você é loucura,
Mas na verdade é o único em que
Estou salva.
Em grandes saltos, tento chamar sua atenção,
Tento quase que inútil te dizer o que sinto.
Sabe, eu ainda sinto, ainda penso, eu respiro.
Ainda quero viver ao teu lado,
Viver bem, com sorrisos, abraços, beijos e tardes.
O que falta meu heroi,
Para você ver, que eu sou você,
E tudo que eu quero é um amor real?
Nada de aparentes, superfícies, roteiros, rotinas;
Por você, eu dou minha vida,
Vou até o fim do mundo para te ver feliz.
Porque ninguém pode quebrar o nosso elo!
Eu te amo tanto...Meu heroi.


Gabriela Vaz