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quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Tocador Maldito


O manto negro da noite pagã,
O negro dos cabelos da deusa Nyx,
Rodeiam teu corpo, servindo-lhe de vestes.
O sol do carro de Apolo,
É o mesmo que brilha em teus olhos.
Meu bem e meu mal, contidos em um homem só,
Que em doces melodias do seu sagrado instrumento,
Prende-me a alma e tira-me a vida.
Ladrão maldito, de corpo maligno,
Banha-me do teu suor carregado de prazer.
Noite em que se manifesta em teus lábios
A loucura, e em tuas mãos a paixão.
Envolve-me em tuas vestes negras,
E silenciosamente observa-me com os teus sóis.
Do teu sangue eu bebo,
E da tua vida eu vivo,
Ah ladrão maldito, tocador de violino
De atos pagãos,
Ensina-me a viver ao teu lado,
Pois a ti, já lhe pertence
O meu coração


Gabriela Vaz

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

My Dear Phantom



Seja meu,
Meu fantasma da ópera,
O meu anjo da música que surge das sombras
Para me retirar da solidão.
E aos poucos, como em um jogo de sedução,
Prende-me a alma, me falta à razão,
Ah meu anjo negro, tens meu coração!
Eu sou a tua máscara, sou o manto que
Cobre-lhe o corpo, fazendo-te misterioso
Aos olhos do público.
O carmim do meu vestido envolve-se com o preto de tuas vestes,
No palco a música não para, a orquestra anuncia o ato final.
Em tantos giros e olhares,
O amor se torna o perigo, o medo é o desejo,
Somos apenas um corpo sintonizado na mesma música.
Retiro a tua máscara, tua feiúra já não me incomoda mais, ah meu fantasma da ópera,
O público grita horrorizado, mas, é essa a nossa música de amor.
Beijo-te suavemente, sentindo-te em mim,
A noite é muito pouca para nós dois.
Oh meu anjo da música, que esconde o rosto
Atrás de uma máscara branca,
Seja meu,
Meu fantasma da ópera.
Gabriela Vaz

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Lábios Errantes



O vento gélido trás em suas correntes,
o doce cheiro do seio mórbido feminino,
e em tons suaves, o barulho
do teu lento caminhar e o cheiro do teu corpo frio.
Parado a beirada da minha cama,
toca-me o corpo, perfurando minha alma deixando-me
louca em seu frenesi.
Envolve-me em teus braços, apertando meu corpo contra o seu,
aos poucos sinto o cheiro embriagante
dos seus trajes negros, que carrega consigo os mistérios da noite,
fazendo-me beber o néctar venenoso, de teu lábios errantes.

Gabriela Vaz

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Constatação


Essa não é uma declaração de amor,
Tão pouco é um pedido de desculpas.
Na verdade não há porque me desculpar,
Não há o que declarar.
Essas apenas são palavras, que não importa
Se forem lidas, escutadas ou sentidas,
Não deixaram de serem apenas palavras.
Mas elas podem se transformar em sentimento,
Para quem ainda acredita nele, elas podem se transformar
Em arrependimento, não de um ato, mas de uma palavra não dita,
Elas ainda podem ser lágrimas, que correm escondidas pelo canto do rosto
E ainda sim, muitas preferem morrer sufocadas no corpo.
Essas palavras podem ser o tremor, aquele que se sente nas mãos,
Ou nas pernas, quando se tem alguém especial ao lado.
Ainda pode ser a burrice, por ter deixado você ir, ou por ter feito você
Nunca ficar ao meu lado.
Mas não importa se elas sonham com o céu,
Ficaram presas, pois não tem coragem de abrir as asas,
Elas não tem asas.
São apenas palavras, que nascem e morrem, dentro da alma.

Gabriela Vaz