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segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Conto de Inverno IV



Hoje à noite faz frio, como esperado do inverno, à noite faz mais frio que o dia. Um dia, um professor gordinho e muito lindo de Geografia me ensinou que essa queda de temperatura durante a noite era causada pela inversão térmica. Não que eu lembre o resto da explicação, nunca gostei muito de Geografia, só do professor mesmo.
Mas é por causa dessa noite fria que estou sentada no sofá olhando para os meus pés. Nossa, finalmente eu posso admitir que EU AMO MEIAS! Admito isso agora porque, com meus pais, eu seria taxada de louca e com sérios desvios de personalidade, e também, porque meu cachorro também ama meias. Juro, não é loucura ou desvio de personalidade, quando faz frio, ele pega um é e coloca o focinho dentro. Sim é fofo, e eu fico babando quando ele faz isso.
Depois do meu vicio pelo café, as meias são as minhas paixões; listradas, com bolinhas, lisas ou coloridas, as meias são lindas e esquentam meus pés! Outra coisa que eu amo são as luvas! Luvas são perfeitas; listradas, com bolinhas, lisas ou coloridas, quando as uso me chamam de louca ou que tenho desvio d personalidade, mas não ligo, amo luvas.
Uma das vantagens de se morar sozinha com o seu cachorro, é que você pode falar e fazer qualquer coisa, pois ele não vai dizer que você é louco ou tem desvio de personalidade, e ainda vai apoiar as suas coisas fúteis, desde que você o deixe dormir no sofá ou na cama.
Agora começou a chover e o relógio apitou informando que é meia-noite, meu cachorro já está despojado na minha cama com uma meia no focinho. Como algo tão pequeno consegue ser tão espaçoso? Enfim, hoje a noite terei algo a mais para me esquentar, além do meu par de meias pretas.

Gabriela Vaz

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Conto de Inverno III



A chuva nos impede de fazer várias coisas. Nos impede de passear na praia, impede o meu cachorro de encontrar o seu instinto selvagem nas poças, impede que meus pais venham a minha casa e dizer que estou fazendo tudo errado, e queiram corrigir, retificar, o jeito que vivo NA MINHA CASA. Mas dentre outras coisas que a chuva provoca, ela não impede que as crianças brinquem na rua.
Muitas crianças surgiram do nada em frente ao meu prédio, pareciam girinos que nasciam da lama, tentando ratificar a teoria da Abiogênese. Aristóteles ficaria feliz. Resolvi sair e sentar na varanda para observar aquelas criaturinhas serelepes que pulavam de uma poça a outra, concretizando o sonho selvagem do meu cachorro.
Vestia um capote roxo de caxemira e uma calça de moletom preto, tinha os cabelos amarrados e trazia nas mãos, a minha velha caneca de café. Puxei uma cadeira e fiquei ali, estática ao perigo. Meu prédio possuía três andares, e eu me alojava no segundo andar, o resto do prédio era habitado por múmias simpáticas e criaturinhas serelepes.
Ouvia gritos animalescos e risadas demoníacas, as crianças sempre me assustaram. Um amigo meu, creio que é psicólogo, dono de um respeitável Black Power, diria que elas seriam dignas de estudo. E então uma bola suja de lama, acertou uma das minhas plantas que vibravam pela chuva, pois eu às vezes esquecia de regá-las. Um sorriso amistoso em uma cara redonda cheia de arranhões me pedia serenamente a devolução da arma destrutiva, devolvi um pouco irritada e disse alguns sermões. Me arrependi, havia me tornado a velha rabugenta que odiava quando era criança, peguei uns doces e mandei dentro de um saquinho para os anjinhos. Surpreendi-me quando ouvi o que parecia ser o líder dizendo: “Ok galera, mudamos de alvo!”. Eu era um alvo, imagino que inicialmente, não era a planta que eles queriam acertar.
Ah, crianças, crianças e chuva. Da próxima vez eu me refugio em algum abrigo.

Gabriela Vaz

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Conto de Inverno II


Que surpresa! Nunca mais havia visto a chuva cair de tal forma violenta e molhar a terra tão dócil. Aperto meus braços contra o corpo enquanto uma brisa fria açoitava meu rosto embaraçava meus cabelos. Estava esperando o ônibus, no ponto havia poucas pessoas, afinal quem estaria aventurando-se pelas ruas da cidade em pleno domingo chuvoso? Certamente quem tem bom senso, estaria em casa, enfiado nas cobertas comendo pipoca e assistindo filme, ou reunidos com a família, comendo uma lasangna feita pela avó, ou até, em um restaurante com a pessoa amada, comendo algum prato refinado. Uma coisa era certa, eu estava com fome, mas tinha bom senso. Não estava em casa em meio das cobertas vendo um bom filme, porque não gosto de pipoca; não estava reunida com a família, pois não a tinha; e evidente que não estava em um restaurante, pois a pessoa que amava me deixou.
Que se danasse, não precisava de coisinhas legais para me sentir bem em um domingo chuvoso. Além do mais, no outro dia, seria segunda-feira, e não há nada pior que a segunda-feira. Mentira há uma coisa pior: estar com o tênis molhado e apenas um capote fino para se aquecer em meio a uma ventania que me fazia engolir boas mechas do meu cabelo.
Finalmente vejo meu ônibus chegar. Não, o ônibus não é meu, mas vai me levar para casa junto com as minhas compras. Não gosto de pipoca, mas vou comer pizza; não tenho namorado, mas o meu cachorro me fazia uma grande companhia apesar da sua pequena estatura; não preciso de uma avó com um prato de lasangna nas mãos, pois na minha tem um pote grande de sorvete e as seis temporadas completas de House.

Gabriela Vaz

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Breve ausência de poemas.


Calma caros leitores, não vou parar de produzir meus queridos poemas. Jamais! Só darei uma pequena pausa, para que vocês possam ler minhas novas criações, contos! Estes vão falar de uma personagem que tem aventuras tão comuns e interessantes, que vocês até podem se pegar falando " Isso já aconteceu comigo!". Peço que comentem, pois é um novo jeito que estou investindo para ver até onde os meus 'dons' vão. Espero que gostem!!!


Conto de Inverno I
O céu aos poucos caia no chão da rua. As nuvens se desfaziam em flocos de todos os tamanhos. Era assim, o jeito mais confortável para falar da neve em meus poemas, do que descrever a precipitação gélida da água, em uma forma mais sólida. Gelo.
Abri a porta de vidro que dava na pequena varanda do meu apartamento, não tinha nada demais, uma mesa e duas cadeiras de madeira, e à volta havia algumas plantas do gênero das pteridófitas, as quais eu penava em cuidar. Agora elas estavam cobertas de neve também. Segurava firmemente com as duas mãos uma caneca branca que em letras garrafais ratificava o meu vício: “I ♥ Coffee”; e dentro desta, havia o tal líquido negro e precioso que despertava os meus sentidos, o café.
Senti então um pingo gelado no rosto, que aos poucos derretia no suave calor da minha pele. As maçãs do meu rosto coravam-se enquanto via ao longe, algo que retirava a neve que me encobria o coração: Era pequeno e procurava algo incessantemente, corria de um lado ao outro, mas não perdia a elegância, parecia não sentir frio.


“Diferente do que muitos pensam,
A neve não tem forma.
Mas ela forma
Na árvore nua,
As flores da primavera...”

Pensara ali, naquela hora versos confusos, enquanto o pequeno esquilo que eu observava, ia embora com uma grande pinha nas patas. Voltava para casa e punha a caneca na pia, a neve caia. Enrolei-me no cobertor e esperei começar o filme das 15 horas.



Gabriela Vaz

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Ode a minha Hiperatividade ♥


( Só para aqueles que sabem do drama ;D )

Oh Café!
Café, café, café!
Oh Café!
Cultivado nos campos do sertão,
Café, és o grão.
Negro de cheiro inconfundível,
Café, és divino.
Desde o lombo dos negros
No tempo colonial,
Até a minha xícara nos tempos atuais,
Café dos cafezais.
Molha-me a boca, e até com leite
Me faz feliz,
Café, você é tudo que eu sempre quis.

Gabriela Vaz

domingo, 15 de agosto de 2010

A tarde


Ele gosta do meu cabelo,
Ele ama o meu sorriso,
Ele diz que eu tenho um olhar felino.
Mal sabe ele,
Que foi tudo feito pelo destino,
Fazer-me encontrar o homem
Que tem os olhos de um menino,
E um timbre divino.
Benigno é o verde
Dos teus olhos que me traga.
Afaga
Meu corpo
No silêncio da praça.
Culmina no Campo Grande
O beijo dos amantes.
Ah,
Ele gosta das minhas rimas.

Gabriela Vaz

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

O Polêmico: TERMOQUÍMICA


Todos tem um potencial padrão.
Mas acredito que o seu
Vai mais um pouco além do comum.
Te convido para uma brincadeira
De magnetismo,
Teus olhos em meus passos,
Meu corpo nas tuas mãos,
Forma-se uma reação perigosa, tóxica.
Mas esse veneno que aumenta o ponto de ebulição,
Se forma na boca,
Passa pelo frenesi das línguas,
Tem seu ápice no movimento das curvas,
Morre nas aulas de Química.
Você conduz esse segredo
E o meu desejo,
Nos dois primeiros horários matinais.
Ainda rasgo-lhe a blusa,
E teus negros cabelos puxarei,
Farei você se arrepiar,
Arfar.
Pode ser ao fim do ano,
Preferível que seja antes,
Se o seu medo deixar.
Se desejar.


Gabriela Vaz


(Agradeço a todos que fizeram desse, a minha glória.)