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sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Litoral


A menina segue a praia
Com o caderno na mão,
Os pés no chão,
E os pensamentos livres
Na brisa de verão.

O rio que lentamente
Sai da nascente,
Chega em seu curso serpente
No mar, que docemente
Com águas salgadas
Refrescam-lhe a mente.

A menina senta na areia,
Uma ilha no meio do céu azul.
Respira letras,
Escreve poemas,
Chora amores e relembra
Da areia que se move lenta,
Do rio que deságua no mar,
Uma lenda.


Gabriela Vaz

sábado, 25 de dezembro de 2010

Esmeralda




Teu beijo entorpece, enlouquece
Me esquece.
Faz-me devanear de coisas que irreais
Deliram-me a mente, corpo,
A alma.
Teus olhos, silenciadores de palavras,
Gestos, lágrimas.
Teus olhos que brilham,
Minhas esmeraldas,
Possuem o brilho das estrelas,
E apaga qualquer outra ao redor.
Acende, alimenta e faz crescente
A chama dessa louca, insana,
Ardente paixão.
Teu toque sutil, suave,
Carregado de medo, desejo, anseio do sentimento,
Conduz-me a um sonho, mundo, onde o tempo
Corre, e mata-me quando se esvai,
Afastando-o dos meus braços.
Sinto-me esfriar, um vazio preenche-me
Jogando-me a escuridão,
As esmeraldas longes levam consigo,
Meu brilho, minha alma, minha vida,
Meu amor.

Gabriela Vaz

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

E se...


E se tudo fosse diferente no fim das histórias? Se o príncipe não enfrentasse o mundo por sua princesa presa na torre, como seria o amor hoje? Se Juliet não houvesse tomado a poção, Romeo não se mataria e, ambos estivessem vivos, como veríamos o romance agora? Essa dualidade na forma de ver o amor, sempre foi algo questionável, até onde posso ir por uma paixão?Se Christine tivesse ficado com o Fantasma da Opera, e fugisse com ele para viver uma paixão ardente, seria que saberíamos escolher melhor um amor? Um sentimento poderoso que nos define a vida, e em outros casos, determina a morte. Assim é o amor, um momento em que não nos permite testes ou reescritas, que nos dá apenas o direito do sim ou do não, maquiavélico em seus desfechos, imprevisível em seus atos.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Teu Vício


São voltas infindáveis,
Curvas tão sinuosas e perigosas,
Que é um perigo misturar-se em tal.

O cheiro é indescritível,
É doce em meio ao obliquo.
É tão tocável...

Inconfundível,
Seu movimento perfeito
Que irradia o dia
E esconde a noite.

Hora cachos,
Hora ondulações,
O cabelo preto
Conquista corações.

Gabriela Vaz

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Pra você


Era só drama,
E mesmo assim fiquei com vontade
De escrever
Um poema para você.

Era só pra dizer
Que eu queria ter chegado há um tempo atrás
Antes de você desistir de amar,
E ter te beijado muito mais.

Só para poder ver
Meu cavaleiro, menino
Destemido, ainda tímido
Mas com os olhos reluzindo.

Te olhar tocando,
E com os pulmões flamejando
Gritar você,
E você me olhar, como na primeira vez.

Gabriela Vaz

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Elga Velásquez


Era bela, era ela, única senhora de suas razões e emoções, dona do seu destino. Era Elga.
De longos cabelos negros cacheados, tinha o olhar oblíquo e dissimulado, de certo já lera ‘Dom Casmurro’, ela era um pecado. Elga era livre, andava por onde queria e realizava todos os seus caprichos, na boca de todas as línguas, ressoava o nome Elga Velásquez, sempre mais polemica por seus mistérios, a mais invejada por sua personalidade, desejada por sua beleza.
Essa era ela, Elga, fina flor branca do sertão, ousada em cada movimento, sedutora no seu rebolado caminhar. Vestia como de costume uma longa saia fina, que descobria as pernas bem torneadas quando a fina flor ia afogar o calor no rio.
Imaginai-vos a cena:
Um rio de águas turvas, aquela mulher agachada com a saia suspendida até metade das coxas, aquelas pernas grossas molhadas; seus cabelos longos caindo pelas costas e por frente dos ombros tocando levemente os seios fazendo um contraste com a a camiseta beje; um olhar selvagem. Na verdade, a cena por inteira era algo que rasgava qualquer alma centrada.
Ah, fina flor branca e selvagem do sertão, despertava suspiros, insônias e calafrios. Quem dera se ela, fina Elga, soubesse dos meus sonhos.

Gabriela Vaz

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Caminho


Fria, salgada,
Ela corre desesperada,
Que não mais ver
Meu rosto contorcido,
Sofrido.

Resfria, acelera o coração,
Ela alisa suavemente
Minha pele,
Mente sobre a minha coragem,
Revela a minha humanidade.

O amor é igual à insanidade.

Acaba secante,
Errante.
Molhada, suada,
Minha lágrima.

Gabriela Vaz

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Cupido


Estou sofrendo por amor.
E o mais triste é reproduzir essa dor
Nessas belas palavras,
Nessas frases rimadas.
Depravante é essa mente fria,
Que maquina esses versos
Com incrível maestria, quase que indolor,
Que ironia.

Público meu,
Escutai!
Não um soneto de poetas grandes,
Mas o sofrimento,
De uma grande poeta.

Sem elegância,
Aprende quase o incerto
Amor dos homens.
Chora,
A brincadeira dos anjos.

Gabriela Vaz