A coxa dourada se destacava dos
lençóis brancos, ela ia movendo-se lentamente feito uma serpente pela cama.
Suas mãos hora percorriam o próprio corpo, hora cravava-se nas cobertas, seus
olhos ciganos, delineados com uma maquiagem preta, o observava como uma leoa
faminta.
E ele a olhava com seus olhos e
lentes. Clack, clack. Ele respirava fundo, suava. Clack, clack. As posições que
ela fazia eram provocativas demais, sua pele macia era convidativa ao toque.
Clack. Ele podia capturar até quando os pelos dela se eriçavam, quando sua boca
carmesim suspirava o mais melódico e doce gemido. Controlar-se-ia, mesmo
pulsando, controlar-se-ia. Clack, clack. Só mais algumas fotos, dizia a si
próprio em tom de consolo.
Sentiu um calafrio percorrer toda
a espinha, ela sorria travessa. Ser observada em cada detalhe, em diferentes
ângulos era estimulante. Imaginar o desejo dele sendo colocado nas fotos que
fazia misturando-se a libido que ela transbordava, a deixava extasiada.
Inclinou-se de bruços deixando a esférica bunda bem empinada, a luz do sol que
entrava no quarto dourava ainda mais a pele tigrada, ela rebolava, quase um
mantra. Um transe. Transa. Ela o chamava.
Ele trazia ainda mais pra perto a
câmera, focando em suas minúcias, congelando para sempre a febre de seus
corpos, a sede de suas perversões. Clack.
Era excitante ser fotografada.
Enfim, consumiram-se.