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sexta-feira, 16 de maio de 2014

Mudanças e Andanças

Senti o cheiro daquela cidade e decidi que ali eu não podia mais ficar.
O cheiro que devia ser agradável, para mim tinha um odor fétido e ácido. Corroía-me.
Eu não acredito em pessoas que desejam permanecer iguais por toda vida. Não, não senhor, eu duvido que elas possuam vontade de viver.
Quando eu era mais nova, me colocavam regras, me determinavam o que comer e o que vestir, o que ouvir, o que ler e com quem falar. Eu nunca gostei de regras. Depois de um tempo, pensei que todas essas re(strições)gras era o adulto frustrado tentando me frustar, e disse a mim mesma "Não Gabi, você vai ser livre". E assim, passei cada dia a lutar por essa tal liberdade.
Chutei o balde, quebrei o pau da barraca, rodei a baiana. Bati testa com a sociedade, Gosto de Rock, vejo desenhos, me visto de preto, uso maquiagem forte, gosto de sair a noite, não vou usar rosa, eu odeio novela, prefiro livros a ganhar roupa, gosto de bonecos, jogo (jogava) futebol, não acho os Estados Unidos a melhor coisa do mundo e sou bruxa.
O objetivo não era chocar, e nem ganhar o rotulo de "rebelde". O objetivo era só dizer para todo mundo que eu sou eu. Eu não sou a menina da novela ou da revista. Eu não sou a vizinha. Eu sou eu e ponto. Não faço sentindo, e nunca quis fazer. Sentido são para as pessoas que precisam de justificativa na vida, e eu não procuro por respostas, eu busco alegria e aventuras.
Mas o que eu queria dizer é que ninguém nasceu para viver em apenas um lugar. Desde os primórdios, os homens viraram nômades para buscar um lugar novo para viver, onde as coisas fossem boas. O homem não deixou de ser nômade, ele apenas passou a ser acomodado. Então entenda que eu não consigo acreditar em uma pessoa que não gosta de mudar.

Com tudo isso, eu arrumei a malas, beijei meu pai e minha mãe e fui ganhar mundo. Amigos, amores e família são importantes, mas também é necessário perceber quando é hora de ir. Desapego, desde que percebi que prender faz mal e machuca, comecei a praticar o desapego.
Agora eu senti o cheiro dessa nova cidade que moro. Ainda não tem cheiro de lírios regados pelo orvalho, mas pelo menos é um cheiro que me deixa feliz e tranquila. No momento em que estou, parei para aperfeiçoar o necessário para continuar andando. E que os deuses em que creio, me permitam nunca parar de andar. O mundo é grande demais para se obedecer suas divisórias politicas. Eu nunca gostei de política.
Cortei o cabelo. Desapego. Não preciso me preocupar, eu apenas tenho que estar em harmonia com o que há dentro de mim.

E dentro de mim, só há liberdade.