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terça-feira, 23 de abril de 2013

O Ponto sem Retorno


Ouvia o barulho da música. Parei quando escutei a música da chuva.

Havia coisas no meu coração das quais não entendia, e talvez até nunca entendesse, mas ao ver as gotas de chuva que freneticamente batiam e escorriam pelo vidro do ônibus, entendi que pelo menos aquele momento era algo que eu durante muito tempo precisei. Desci alguns pontos antes do meu, e a cada passo fui desejando desesperadamente que a chuva se tornasse mais forte cada vez mais.

O bom do outono são essas chuvas que vem para limpar-nos, tirar toda a barreira envolta e nos permitir rir e chorar sem que ninguém veja. As pessoas que andam olhando para o chão em dias chuvosos, provavelmente não entende
ram a simplicidade da vida, e seguiram com seus problemas sem respostas. Mas eu olhei para cima, eu vi toda aquela água cair de um lugar onde habita o real e o imaginário, o céu. E as gotas que escorriam no meu corpo, eu deixava escorrer junto minhas lágrimas, e as gotas que minha pele absorvia, eu deixava absorver toda pureza de um fenômeno. E com essa renovação de mim, observei tantas respostas que estavam contidas nas nuvens cinza dentro de mim. Apenas precisava chover.

E quem poderia ver através da máscara? Aceitar o fantasma de cada um, o gênio do mal que se escondia por trás de cada coxia, esperando apenas o amor. Entendi em mim, minha existência. Esperei em mim, a chuva passar.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

E assim eu me descobri


Descobri mesmo. Tirei as roupas, as mágoas, as lágrimas, as dores e as cores. Menos do batom.
Da boca que sai tantas palavras que constroem o meu eu, não haveria o porquê de tirar o batom. Com sua cor rosada, um pouco vermelha, um pouco lilás, um pouco de uma flor aqui e acolá, enfeitava minha boca, mascarava as palavras duras. Por isso, o batom.

Mas, despenteei o cabelo. Eu queria me ver louca, fora de tantos padrões. Linda. Meus cabelos, que são no plural, pois sempre estou em mudança, desgrenharam e formaram desenhos sobre a minha pele, desenhos tão místicos que só eu entenderia. Mas ele era eu, e eu me tornei eu.

No corpo marcas de agressões do tempo, dos outros e minhas. Marcas que fiz para lembrar um sentimento, mesmo que o causador a mim não volte, eu terei sempre em memória.  Riscos que fiz na pele por um pensamento que só eu entendo, e talvez só eu continue a entender, porque é meu, porque sou eu. As curvas que não são perfeitas, nem as medidas, em parte provocam em mim uma confusão em saber se estou triste ou não. Deveria? Saúde é importante, mas deveria rejeitar algo que fiz chegar pelo longo prazo do tempo? Talvez isso que está em mim não me pertença, mas não quer dizer que eu não vá odiar e me desvalorizar, minha beleza vem da minha confiança e inteligência, não apenas do salão de beleza.


Toquei-me. Fechei os olhos. E foi como ter o presente de natal que você passou o ano se comportando para ganhar. Ao olhar-me, sorri um meio sorriso torto, pisquei meus olhos que até hoje não sei se são grandes ou pequenos, apenas os acho perfeitos. Tirei o batom. Não precisava mais embelezar-me de cor. Descobri que até em preto e branco, me amo. Entendo-me. E assim, eu me descobri.

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Sutilezas


Verde, ver-te, vê-lo, vindes.
Castanhas íris.
Nessas paredes em que o encontro,
A água- não da minha boca- gelada que bebe,
Da minha mente não sai mais, sua imagem.
Malditos sejam esses compostos químicos que se misturam
E nos misturam
Em feromônios alucinógenos.