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quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Minha vontade de ter Escamas.

A não ser que você tenha medo do mar, um dia também quis ter barbatanas e sair desbravando os mares, visitando todos os portos do mundo e sendo o medo e o desejo das pessoas.
Comigo não foi diferente, tanto não foi que hoje sou ex-atleta de natação. E nem por isso, com Elga seria diferente, até porque, Elga é minha parte que sonha com isso.

A imaginação é a melhor ferramenta do homem, com ela se constrói mundos inteiros, cidades, ou apenas tempos. Você salva vidas, e as transforma também. Igualmente, serve para destruir uma vez que não saiba usá-la. A língua é a arma mais fatal do universo. Acredite, eu estudei bastante ela.

E confesso, não aprendi 1/4 do que ela realmente é.

Mas vamos voltar para a garota de cabelos vermelhos bagunçados. Não se prenda aos detalhes, pois com Elga, é mais interessante você olhar sua mente do que sua fisionomia. Elga não sabe muito aonde ir, vai mais por instinto, e esse instinto a leva para o mar, por isso, ela acredita que há algo em seu passado que a liga com aquele mundo misterioso. Sim, ela não tem certeza do passado, ela não lembra dele. E o bom dela é que ela não se importa de como perdeu a memória, isso é algo irrelevante, para Elga, se algo está perdido é porque não era para ser usado no momento, isso se torna um motivo para achar outra coisa que seja mais interessante e que em alguma hora acabe achando o que ela perdeu. Uma loucura na minha opinião. Mas faz todo sentido para ela.

Faz tanto sentido que ela logo acha esse algo, ela acha Taylor. Um rapaz normal, um leão que não é rei de lugar nenhum, uma pessoa com suas preocupações de pessoas, mas com o vazio do sentido da vida humana. Todo vazio é um buraco, e em todo buraco, algo caí. Ele caiu, e lá achou que alguém que já havia caído antes. Elga. Sua vida não tomou um sentido, porém, tudo agora apontava no sentido daquela existência misteriosa. Como havia dito, Elga achou algo mais interessante em sua vida, alguém que a faria achar o seu passado perdido.


Escamas Etéreas é (vai ser) um livro que explora o máximo da imaginação de dois indivíduos que acham que algo está errado no padrão de normalidade da vida. Ela, procura desvendar um mistério tão profundo e perigoso quanto o mar. Ele, procura no fundo de uma garrafa deixada por seu bisavô, o sentido da sua vida, e, quem é Elga.




terça-feira, 12 de novembro de 2013

Cozinha

Estavam na mesa. Um de frente para o outro, tomavam café. Aquilo era tão amargo quanto todos aqueles sentimentos acumulados, eles se olharam e enfim perceberam que era o fim.

Eles apenas se olhavam, e lembraram de tantos momentos bons. Ele depois de tantos anos notou como era lindo observar ela tomando café, e que era fofo ver seu óculos embaçar por causa do vapor, e que era muito sexy ela estar vestida apenas com uma camisa dele. Através dos óculos embaçados, ela ainda pode perceber como o sorriso dele era bonito, e como o olhar dele lhe transmitia paz e segurança.

Ela melou sem querer a ponta do nariz com manteiga, e os dois riram. Nunca perceberam como era engraçado seus momentos de intimidade. Ele a limpou, e ambos ficaram a fitar profundamente seus olhos no reflexo do olhar do outro. O café esfriou. A relação havia esfriado. E café requentado, não presta.

Eles se olharam, e permitiram-se chorar e arrepender-se. É difícil se acostumar estar só, quando outro alguém é parte de você. Quantas coisas desnecessárias foram ditas, e quantas mil coisas morreram na garganta por falta de coragem, ou até mesmo amor? Quantas vezes foram necessárias abraçar, mas o orgulho impediu? Quando foi que deixaram a frieza petrificar tanto seus corações? Eles se deram as mãos vagarosamente. Ele relembrou de como gostava do toque macio da mão dela, de como sentia saudade das unhas de sua mulher percorrer seus cabelos em um vagaroso cafuné. Ela chorou ao perceber como havia esquecido o toque das mãos do namorado em seu rosto, de como ele a admirava por vários minutos e depois lhe beijava. O café estava aguado. Nada mais possuía um sabor. As lágrimas secaram.

Ele sorriu para ela e disse que lavaria os pratos. Eles fizeram não o máximo que poderia ser feito, mas viveram ao menos o que devia ser vivido. E era isso que não os deixavam com magoas, ressentimento, ou pesar. Tudo aconteceu como eles induziram acontecer, e agora eles que não são mais eles, e sim ele e ela, deviam seguir seus caminhos como sempre imaginaram. Não era um romance duradouro, era apenas o momento de amadurecer com um amigo de verdade ao lado.

- A cozinha é um lugar mágico, não acha?- Disse ela sonhadora.

- Com certeza. – Finalizou ele, realista.

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Reencontro


O beijo que surge a faísca.
Risca.
Em pedra morena teu nome.
Sulista.
De frio toque que se tornou quente os olhos ao ver a minha seca.
Agreste.
Do nordeste para nunca mais voltar,
Princesa de sandália de couro, descobriu na serra seu lugar.
Distância.
Foi os espaço em que findou-se o beijo.
Lembrança.
É teu rugido, meu leão, que me faz arrepiar.
Esperança.
De em nosso pequeno castelo, enfim, morar.

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

A luz do túnel.


Eu estava esperando. Não sabia ao certo se ele viria. Tinha quase certeza que não. Passei anos esperando, não era mais uma coisa presencial, e sim sentimental. Mas eu esperaria, essa paciência ele me ensinou a ter, pois no fim, sei que iria valer apena. Mesmo que fosse um encontro de uma ou duas horas, aquele sorriso seria o suficiente. 

Aquele vacilo, onde nem ele mesmo percebe, em que aqueles olhos me olham com toda a ternura e os lábios se afastam, o ar quente escapa aos poucos, querendo dar liberdade a sentimentos escondidos. 

E isso me basta. E se quer saber, esperaria sempre por ele. Essa espera infinita me permitiu imaginar ser amada, além de permitir também, que continue amando...

domingo, 26 de maio de 2013

Pietro

Escuto todos os dias
A minha música
Sem melodia,
Onde está você que faz
A minha harmonia?


Vejo todas as noites
Meu céu sem luar,
Onde está você que
Dá brilho as estrelas?


Sinto a todo instante
A brisa do mar na pele,
Onde está você?
Ah meu amor,
Por que não vem me aquecer?

A saudade de ter
As minhas esmeraldas me olhando
Desnorteiam-me.

Meu amor,
Console-me

Com seu beijo.

À tua sombra

Hoje eu abri os olhos
E vi tudo diferente.
Vi o céu mais azul
E pássaros cantando alegremente.

De baixo do pé de lima
Pensei estar doente,
Criei várias rimas.
Foi surpreendente,

Pois essa doença tem forma,

Nome e cor,
Tem forma de homem
E cor de Lima,
Ao que os olhos indicam.

Essa doença se chama amor,
Que me faz ver tudo tão
Claro e reluzente.

Ao seu lado,
Vejo até
Estrelas cadentes.


terça-feira, 23 de abril de 2013

O Ponto sem Retorno


Ouvia o barulho da música. Parei quando escutei a música da chuva.

Havia coisas no meu coração das quais não entendia, e talvez até nunca entendesse, mas ao ver as gotas de chuva que freneticamente batiam e escorriam pelo vidro do ônibus, entendi que pelo menos aquele momento era algo que eu durante muito tempo precisei. Desci alguns pontos antes do meu, e a cada passo fui desejando desesperadamente que a chuva se tornasse mais forte cada vez mais.

O bom do outono são essas chuvas que vem para limpar-nos, tirar toda a barreira envolta e nos permitir rir e chorar sem que ninguém veja. As pessoas que andam olhando para o chão em dias chuvosos, provavelmente não entende
ram a simplicidade da vida, e seguiram com seus problemas sem respostas. Mas eu olhei para cima, eu vi toda aquela água cair de um lugar onde habita o real e o imaginário, o céu. E as gotas que escorriam no meu corpo, eu deixava escorrer junto minhas lágrimas, e as gotas que minha pele absorvia, eu deixava absorver toda pureza de um fenômeno. E com essa renovação de mim, observei tantas respostas que estavam contidas nas nuvens cinza dentro de mim. Apenas precisava chover.

E quem poderia ver através da máscara? Aceitar o fantasma de cada um, o gênio do mal que se escondia por trás de cada coxia, esperando apenas o amor. Entendi em mim, minha existência. Esperei em mim, a chuva passar.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

E assim eu me descobri


Descobri mesmo. Tirei as roupas, as mágoas, as lágrimas, as dores e as cores. Menos do batom.
Da boca que sai tantas palavras que constroem o meu eu, não haveria o porquê de tirar o batom. Com sua cor rosada, um pouco vermelha, um pouco lilás, um pouco de uma flor aqui e acolá, enfeitava minha boca, mascarava as palavras duras. Por isso, o batom.

Mas, despenteei o cabelo. Eu queria me ver louca, fora de tantos padrões. Linda. Meus cabelos, que são no plural, pois sempre estou em mudança, desgrenharam e formaram desenhos sobre a minha pele, desenhos tão místicos que só eu entenderia. Mas ele era eu, e eu me tornei eu.

No corpo marcas de agressões do tempo, dos outros e minhas. Marcas que fiz para lembrar um sentimento, mesmo que o causador a mim não volte, eu terei sempre em memória.  Riscos que fiz na pele por um pensamento que só eu entendo, e talvez só eu continue a entender, porque é meu, porque sou eu. As curvas que não são perfeitas, nem as medidas, em parte provocam em mim uma confusão em saber se estou triste ou não. Deveria? Saúde é importante, mas deveria rejeitar algo que fiz chegar pelo longo prazo do tempo? Talvez isso que está em mim não me pertença, mas não quer dizer que eu não vá odiar e me desvalorizar, minha beleza vem da minha confiança e inteligência, não apenas do salão de beleza.


Toquei-me. Fechei os olhos. E foi como ter o presente de natal que você passou o ano se comportando para ganhar. Ao olhar-me, sorri um meio sorriso torto, pisquei meus olhos que até hoje não sei se são grandes ou pequenos, apenas os acho perfeitos. Tirei o batom. Não precisava mais embelezar-me de cor. Descobri que até em preto e branco, me amo. Entendo-me. E assim, eu me descobri.

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Sutilezas


Verde, ver-te, vê-lo, vindes.
Castanhas íris.
Nessas paredes em que o encontro,
A água- não da minha boca- gelada que bebe,
Da minha mente não sai mais, sua imagem.
Malditos sejam esses compostos químicos que se misturam
E nos misturam
Em feromônios alucinógenos.