Eram castanhos, mas não era qualquer castanho. Eram castanhos esverdeados, dando uma leve impressão de uma coloração amarela. Os olhos dele pareciam dois âmbares cintilantes, fiquei fascinada.
Poderia passar tempos- ou páginas- descrevendo o efeito que aquele olhar me causou, mas não o farei, usarei apenas algumas linhas. Sim, vou falar de um par de orbes, então se você não for um oftalmologista, ou, um sinestesista louco, não leia.
Não sei oftalmologia, mas, a sinestesia que eles me causavam era única. O Sol da primavera por entre as doces flores nas árvores incidia suavemente na íris castanha esverdeada, fazendo-o franzir o cenho, o que tornava seus olhos um pouco menores do que o normal, acentuando a impressão de que estes eram cor de âmbar.
Foi um encontro casual, ainda vestia preto, sua elegância era notável e impecável, ainda me encantava o seu sorriso. O tempo relativamente, meu inimigo, fez atenuar a dor e a saudade que sentia dele. Ele me retribuiu o mesmo olhar.
O olhar frio que me desarma, o olhar estático que acelera meu coração, apenas um olhar, e as maçãs do meu rosto corava-se. Quase nunca olhava para os lados, seus olhos eram fixos, captavam cada detalhe e previam cada movimento, seu corpo tentava me recusar, mas seus olhos procurava em meus gestos, a menção de um beijo. Os olhos dele expressavam desejo.
Abraçou-me e me beijou na testa, seu cheiro me invadiu, mas logo sairia; suas mãos me esquentaram, mas logo sentiria frio. Mas ele me olhou com aqueles olhos castanhos esverdeados, eu sorri e disse adeus. Disse contente, pois percebi naqueles olhos, as palavras que a boca nunca pode dizer, mas que meu coração sempre soube.