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domingo, 11 de setembro de 2011

Conto de Primavera II


“Eu prometo nunca te fazer sofrer.”

Ouvi isso em um parque vindo de um casal, enquanto tentava ler um bom livro do grande Machado de Assis. Foram inúteis os meus esforços, pois, cada vez mais, as juras do casal me injuriavam.

CHEGA!

Fechei o livro revoltada e levantei do banco. Odiava o amor. O odiava pelo simples fato das experiências vividas. Se eu soubesse que doeria tanto, não teria amado.

A mesma frase que o rapaz dizia ilusoriamente para a moça, um dia eu também escutei, e tolamente, acreditei. O amor é um jogo onde sempre tem um idiota. Se não houver, não tem amor. Andava olhando para as árvores com seus frutos e flores, troncos talhados com nomes e corações – como se isso fosse perpetuar algum relacionamento -.

Apesar do tempo que passou, ainda doía.

Tirei a chave do bolso – finalmente, comprei uma moto -, amarrei o cabelo e sentei na moto. Um vento fresco de fim de tarde ressecou meus lábios, olhei a rua e um carro preto passou. Jurei que era o dele, senti até o coração acelerar, cheguei a ligar a moto para ir atrás do carro, mas detive-me. O que iria adiantar? Ele não me queria, acho que nunca quis, e também, ele já deve dormir nos braços de outra. Às vezes ver o mundo de maneira tão lógica e metódica, não ajuda muito, na verdade, assusta. Mas no fim das contas, o carro não era o dele.

Doía, e eu me odiava por isso. Coloquei o capacete e olhei os vários outros casais, achava-os tolos, mas nunca lhes disse isso. Apesar de idiota, era saudável viver tal ilusão, afinal, o capitalismo se baseia nessa saúde. Dei a partida e acelerei, havia tomado conhecimento sobre um novo barzinho com sinuca e happy hour perto da praia. Uma hora da manhã, ligaria para alguém ir me levar em casa.

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