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sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Ausência de Humanidade

( Um pequeno fragmento, que me fez lembrar de tantas outras 'ausências' que há no ser humano. )

"...Entre o falso leite, a falsa arte, a falsa crítica de arte, o falso dinheiro do governo, a falsa palavra do político; entre a falsa mulher, a falsa meia de náilon, a falsa companhia e falsa democracia- glória a ti. Mergulhamos no frenesi das falsificações; nossos panos são de falsos tecidos, os sapatos de falso couro, as garrafas de falsa bebida, as palavras de falsa moral. Há orquestras tocando falsas músicas e oradores com a voz embargada pela falsa emoção; e o chefe de polícia resolve punir falsos crimes. Os partidos fazem uma falsa coalizão ou se colocão em falsa oposição ou hipotecam falso apoio; e todos comem falsa manteiga, bebem água de falsa pureza e tomam falsos banhos sem água. De tudo isso nos queixamos aos falsos amigos; e todos nos fazem falsas promessas, e nos oferecemos falsos banquetes; quando tudo piora, o povo nas ruas promove falsos distúrbios, quebrando falsos artigos de falsos comerciantes..."

Rubem Braga - Louvação

My Darkness Knigth


Oh nobre cavaleiro que,
Em cima de teu alazão negro,
Desbrava terras e corações
Que a ti são proibidos.
Ilude almas que ingênuas,
Procuram em teus braços o doce
Cheiro da paixão.
Rio das pobres almas que, não sabem do
Veneno que há no teu beijo, o qual
Lentamente mata suas vitimas através do sofrimento do teu adeus.
Mas é a luz do luar meu nobre cavaleiro,
Que tu és revelado;
De vestes negras e olhar gélido,
Rir das paixões mortais.
Toca seu violino, enquanto me faz suspirar.
Faz-me sua confidente, e me fez te amar.
Morro ironicamente, sem o teu veneno ter provado,
Mas morro de desejo por nunca beija-lo.

Gabriela Vaz

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Diz-me


Diz-me o que é saudade,
Explica-me o que é essa dor no meu peito,
O porquê de tantas lágrimas, que me destroem aos poucos,
Deixando apenas minha carcaça aos abutres.
Me diz por que me falta palavras,
Ao tentar explicar-te o quanto é profundo meu sentimento,
Ao tentar dizer o que eu sempre quis lhe dizer.
Me diz como eu escrevo tantas coisas bonitas pensando em você,
E não consigo lhe dizer adeus.
Explica-me o porquê de toda essa brincadeira de Deus,
Que insiste em fazer-me sofrer por desejar você,
Por que em sua brincadeira de mau gosto me faz chorar,
E me afasta o homem que mais anseio viver ao lado.
Explica-me o que é o amor, ensina-me a amar.
Ensina-me a te amar.
Me diz por que me falta o ar, por que minhas pernas tremem,
Por que meu coração palpita, em apenas ouvir o teu nome.
E por que me sinto tão ligada a você quando escuto doces melodias
De um violino.
Me diz por que quando a chuva cai, sinto-me próxima do teu corpo,
Sinto teus lábios tocando novamente os meus,
Sinto-me tua, unicamente tua.
Me diz por que as lágrimas que escorrem pelo meu rosto,
São puras quanto às gotas da chuva,
Não parecem fazer você acreditar em nenhuma palavra que digo.
Explica-me por que ainda não tenho o seu coração,
Por que mesmo que tente não consigo esquecer-te,
Por que mesmo que tente ser forte, ainda choro por ti
Meu cavaleiro negro.
Explica-me, ensina-me anjo da música,
Leve-me em tuas asas e me deixe junto a ti,
Toque o violino como em uma canção fúnebre,
Deixe-me tocar teu rosto e em últimas palavras
Dizer que te amo.

Gabriela Vaz

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

O Violino


Meu corpo estendido na grama,
Ouvindo o bater da brisa nas folhas de outono.
Um calafrio percorre meu corpo
Ao ouvir o nostálgico assobio do vento,
Fecho os olhos lembro-me da melodia,
Melodia melancólica e devastadora
Do instrumento de minha eterna paixão.
O violino em suas cores cintilantes,
E formas delgadas enchem-me os olhos de fascínio.
O arco que lentamente toca as cordas
Torna seus súbitos de calmaria e revolta,
Inquietos em meu coração.
A música como um laço, prende-me em sua loucura,
Trazendo de volta devaneios
Que preferia que fossem apagados.
Mas no mesmo momento em que me transformo no nada,
O sagrado instrumento, que traz em suas notas
O verdadeiro significado da música,
Dá-me o sopro da vida e
Envolve-me em seu transe, do qual jamais irei sair.
Abro os olhos e vejo a vida se esvair,
Esboço um sorriso com satisfação.
Morro lentamente, escutando em minha mente a doce música
Do violino.

Gabriela Vaz

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

O Som do Violino


A chuva cai lentamente inocente,
Limpando a impureza dos homens,
De minha torre de marfim,
Observo o lento caminhar da vida.
Algumas gotas tocam-me o corpo,
Escorrem pela pele,
Retirando cada magoa nela existente.
O fino som do violino invade-me a mente,
Em baixo de minha torre vejo
Um anjo de vestes negras tocar tal
Instrumento em sua solidão.
As lágrimas se misturam com as gotas de chuva.
Estendo a mão, tento alcançá-lo,
Mas é como o céu, é impossível tocá-lo.
Aperto meu peito, grito o teu nome,
E então ruflando tuas asas, abraça-me,
Teus olhos me deixam sem palavras.
Mas a minha torre desmorona,
Assustada olho para os lados e nada vejo.
Acordo de um sonho, no qual queria
Que fosse a minha vida,
Olho para a janela e ainda chove,
Mas não te vejo,
E nem ouço o som do violino.

Gabriela Vaz

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Marionete


Maldito anjo negro,
Debocha de minhas lágrimas mortais.
Puxa os fios de sua marionete,
Levando-me para o seu show de horrores.
Maldito anjo da música,
Conduz o meu destino como em um
Jogo de tabuleiro,
Mas ao invés da vitoria,
Leva-me para o fracasso eminente.
Puxa os fios de sua marionete,
Queria que a Fada Azul me transformasse em gente.
Maldito tocador de violino,
Tens minha vida em suas mãos,
Entrego-me a essa estranha paixão
Onde apenas ouço as batidas do meu coração.
Diverte-se com tua marionete,
Teu sorriso maligno me faz delirar.
E enquanto me chamas de tua,
Nem a minha vida eu posso chamar de minha.
As luzes se apagam, coloca-me de lado,
Fico jogada as sombras
Sonhando com o próximo show
Do senhor do meu amor.


Gabriela Vaz

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Cúpula Azul


Desculpas já não são o suficiente para dizer,
Minhas lágrimas já não bastam para provar,
E minhas palavras já não significam nada.
Mas, mesmo que elas não tenham efeito,
Continuo a pedir desculpa e por entre meus soluços,
Faço com que as lágrimas rolem por meu rosto.
Olho atentamente a cúpula azul, ou o que restou dela.
Antes, via meus sonhos refletidos em teus olhos,
E agora, só quero me esconder para que os mesmos não me vejam.
Se te amar é um pecado, que eu desça ao inferno por isso, e talvez,
Irei mandar lá agora.
Olho melancolicamente a cúpula do nosso provável futuro,
E como os grãos de areia, lentamente ele me escapa pelas mãos.
Ando por entre as aras, sendo atacada pelos olhares cristãos,
Paro junto ao altar e Cristo me condena,
Mas nada dessa fogueira me queima.
Apenas teu olhar na porta da igreja me mata aos poucos,
Desfazendo de minhas palavras e sonhos.
Olho morbidamente a cúpula azul dos nossos sonhos,
Estendo-lhe a mão, mas sei que você não vem.
E então a linda cúpula azul desmorona em cima de mim,
Fazendo o que era um sonho virar lágrimas,
E a tinta azul, ficar vermelha pelo meu sangue pagão.

Gabriela Vaz