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segunda-feira, 30 de março de 2015

35-70 mm

A coxa dourada se destacava dos lençóis brancos, ela ia movendo-se lentamente feito uma serpente pela cama. Suas mãos hora percorriam o próprio corpo, hora cravava-se nas cobertas, seus olhos ciganos, delineados com uma maquiagem preta, o observava como uma leoa faminta.

E ele a olhava com seus olhos e lentes. Clack, clack. Ele respirava fundo, suava. Clack, clack. As posições que ela fazia eram provocativas demais, sua pele macia era convidativa ao toque. Clack. Ele podia capturar até quando os pelos dela se eriçavam, quando sua boca carmesim suspirava o mais melódico e doce gemido. Controlar-se-ia, mesmo pulsando, controlar-se-ia. Clack, clack. Só mais algumas fotos, dizia a si próprio em tom de consolo.

Sentiu um calafrio percorrer toda a espinha, ela sorria travessa. Ser observada em cada detalhe, em diferentes ângulos era estimulante. Imaginar o desejo dele sendo colocado nas fotos que fazia misturando-se a libido que ela transbordava, a deixava extasiada. Inclinou-se de bruços deixando a esférica bunda bem empinada, a luz do sol que entrava no quarto dourava ainda mais a pele tigrada, ela rebolava, quase um mantra. Um transe. Transa. Ela o chamava.

Ele trazia ainda mais pra perto a câmera, focando em suas minúcias, congelando para sempre a febre de seus corpos, a sede de suas perversões. Clack.

Era excitante ser fotografada.


Enfim, consumiram-se.

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