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terça-feira, 13 de março de 2012

Conto de Primavera IX

Eu disse que a primavera era pior das estações, incrível ou não, enquanto todos estão felizes, eu fico em total oposição.
Outrora aquele príncipe nórdico que enfrentaria o mundo pelo o meu amor, hoje, ele me diz que estou afastando de mim às pessoas que me amam. Parece dramático, romântico. Uma verdadeira novela. Parece que estou fazendo uma grande hipérbole, pontos que são comuns em uma alma poeta, pena, que isso tudo não é mais uma hipérbole minha.
Mas eu o perdi, ele e um tanto de riqueza. Perdi para o meu ego, meu monstro, eu o perdi por mais uma história de sucesso. Meu cachorro pulou no meu colo para arrancar-me de uma mortal melancolia, coloquei sua cabeçorra entre minhas mãos e o olhei nos olhos, sorri e beijei-o a testa.
Ele saiu saltitante achando que tinha salvado o mundo. Eu fiquei a olhar as minhas mãos. Lembrei. Queria que entre elas estivesse o rosto dele. Queria estar encarando os olhos verdes daquela face, beijar aquele homem.
Mas eu o perdi, ele e um tanto de amigos. As minhas riquezas. Afastei-me então do que ainda tenho, para que as últimas lembranças sejam boas. As cores monocromáticas da televisão, bombardeavam-me como se fossem raios de luz. Mas elas eram raios de luz. Fiquei apática, estática e monocromática, olhei o calendário e faltavam mais alguns dias para o verão. Até quando a vida seria injusta?
Não, a vida não é injusta, somos nós que burlamos as regras e depois a culpamos por nos aplicar a justiça.

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