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quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Conto de Primavera III


Um passeio urbano. Calça jeans, all star, um corpete, casaco de couro e o capacete. Sobre uma moto preta, uma garota acelerava e desviava dos carros. Sentia-se em um filme hollywoodiano.

Sinal vermelho. Freei suavemente ao lado de um ônibus, sorri sarcasticamente, finalmente estava livre daquela coletividade irritante. O relógio marcava dez e quinze, não poderia me atrasar, ele odiava esperar muito. Droga, onde eu estava com a cabeça quando o deixei ir para o salão? Logo hoje que terei um almoço importante sobre a minha matéria no jornal! Olhei novamente o relógio em seguida para o semáforo, que permanecia fechado. Maldito tempo relativo.

Há tempos, quando o avião pousava, e nele trazia aquele em que me aconchegaria nos seus braços, o tempo fazia questão de passar feitos os segundos, agora, parada na sinaleira, parece que o sinal verde demorará horas para aparecer. Já o tempo para o meu companheiro no salão, era inerte. O sinal abriu. Virei uma, duas, três esquinas e finalmente cheguei.

Parei na porta de um Pet Shop e encontrei lá, angustiado pela a minha demora, o meu cachorro. Sorri e peguei-o no colo, ele estava tão lindo que era quase surreal. Por fim, paguei pelos serviços prestados. Seria tão bom se ele se mantivesse tão limpo e fofo, colocando-o na bolsa de viagem, segui para o restaurante, pelo menos o meu entrevistado não se sentiria tão entediado quando visse a minha bola de pelos.

Gabriela Vaz.

Um comentário:

Ivo Falcão disse...

Gabriela, esse seu texto me lembrou a poética da escritora e blogueira, Clarah Averbuck. A atmosfera de amor(es) inesperados me agradou. O fecho do conto inusitado foi uma boa estratégia. Abraços,